No PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2015, encaminhado ao
Congresso em agosto, o governo previu um gasto com o seguro-desemprego
no ano que vem de R$ 36,8 bilhões. Isso significa um aumento, em termos
nominais, de R$ 9,1 bilhões em relação à estimativa de despesa com a mesma
rubrica para este ano, de R$ 27,7 bilhões, de acordo com o PLDO (Projeto de
Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2015.
O PLDO é uma estimativa inicial de receitas e despesas para o exercício do
ano seguinte. Já o PLOA é a previsão final. Com base nos números do PLOA,
o Congresso aprova, ainda que com alterações, a LOA (Lei Orçamentária
Anual) do ano subsequente. Ao fazer a previsão inicial para 2015, o governo
atualizou a estimativa para este ano com o seguro-desemprego, quando
informou os R$ 27,7 bilhões. No ano passado, as despesas com esse benefício
somaram R$ 31,9 bilhões.
Há duas formas de ler esses números. A primeira é que o governo subestimou
as despesas com o seguro-desemprego de 2014. Ao final de dezembro, essa
despesa poderá ser muito maior. Com o abono salarial, pago aos
trabalhadores com carteira assinada que recebem até dois salários mínimos
mensais em média, já houve uma revisão para cima este ano, de R$ 15,2
bilhões para R$ 17 bilhões (estimativa de julho).
A outra leitura é que o governo acredita que o desemprego vai aumentar no
ano que vem. Com a desaceleração da economia, e consequente previsão de
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2014 perto de zero, a
segunda análise é perfeitamente factível.
Em um jantar com lideranças do PMDB, em maio, a presidente-candidata
Dilma Rousseff deu a seguinte declaração: "Essa é uma aliança para governar
e garantir os ganhos para a população. E uma das chapas que está aí
representa retrocesso, recessão e desemprego". Não se sabe ao certo a qual chapa Dilma se referia, se a do tucano Aécio Neves ou do PSB, que na ocasião
ainda tinha Marina Silva como vice de Eduardo Campos, morto no mês
passado num acidente de avião.
Sabe-se agora, contudo, que o governo da presidente Dilma também teme por
um aumento do desemprego em 2015, ainda que ela continue como
presidente.

Fonte: Folha de S. Paulo, 25 de setembro de 2014.