O horário de verão deste ano, que começa à zero hora do próximo domingo, deve representar uma economia menor do que no ano passado, em função da forte estiagem. A previsão é do secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Ildo Grudtner. Com os reservatórios das hidrelétricas em baixa, mais térmicas tiveram que ser acionadas esse ano, fonte mais cara e poluente de energia. Segundo ele, a expectativa de redução do uso de térmicas por causa do horário de verão vai representar uma economia de R$ 278 milhões. No horário de verão passado, o governo calculou uma economia de R$ 405 milhões só com redução da compra de energia de térmicas. 

Segundo Grudtner, a redução no consumo de energia no horário de pico vai poupar 0,4% do armazenamento das hidrelétricas no Sudeste, que passam por uma forte crise de abastecimento, e 1,1% dos reservatórios no Sul. 

No Brasil, o governo estima uma redução de 4,5% na demanda de energia no horário de pico, ou seja, 2.596 MW. No Paraná, a previsão da Copel, é de uma diminuição também de 4,5% na demanda ou 250 MW cortados no horário de pico. "O objetivo do horário de verão é ter eficiência do sistema", disse o gerente de operação da Copel, Nelson Cuquel. 

Segundo Cuquel, com o horário de verão, a Copel também tem mais margem para atender possíveis desligamentos de energia que ocorrem com as chuvas de verão. "Qualquer economia ou melhora de eficiência é bem-vinda’’, disse. 

O gerente da Copel disse que um possível racionamento de energia não está descartado até que aconteçam chuvas intensas em São Paulo e Minas Gerais. Segundo projeções do Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios do sistema elétrico devem alcançar o pior nível desde o ano 2000. O nível médio dos reservatórios de Sudeste e Centro-Oeste deve cair para 19,9% ao final deste mês, regiões que concentram 70% das reservas hídricas. No Sul, que detém 7% das reservas, o nível é alto e atinge 90%. 

Cuquel alertou que, em 2001, o Paraná não entrou no racionamento do governo federal porque não tinha linhas de transmissão suficientes entre o Sul e o Sudeste para enviar a energia. Hoje, há muito mais linhas de transmissão e, com isso, o Sul também seria incluído em um possível racionamento. ‘’Em algum momento vamos ter que pedir para a população economizar energia’’, disse. Segundo ele, mesmo que tivesse alternativa de economia de 1% de energia teríamos obrigação de fazer o horário de verão. A população, acrescentou, pode contribuir reduzindo o horário do banho, apagando lâmpadas que não estão sendo utilizadas e ligando o ar condicionado com as janelas fechadas. 

O horário de verão vai até 22 de fevereiro e envolve todos os estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, incluindo o Distrito Federal, totalizando 11 unidades da Federação. 

De acordo com o MME, nos últimos dez anos, o horário de verão tem possibilitado uma economia média de 4,6% no intervalo noturno de maior consumo de energia. Nos últimos 15 anos, a média de duração do horário diferencial foi de 121 dias, mas, como o término da medida não pode coincidir com o feriado de carnaval, a duração no Verão 2014/2015 será um pouco maior: 126 dias.

Fonte: Folha de Londrina, 15 de outubro de 2014.