Para escapar da crise mundial, as fábricas moveleiras da região passaram a investir em novas tecnologias para elevar as margens de lucro, sem que ocorra necessariamente aumento de produção. Segundo o Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas, o faturamento do setor passou de R$ 1,403 bilhão em 2012 para R$ 1,679 bilhão no ano passado, ou 19,6% de variação. Resultado considerado bom, ainda que as vendas tenham aumentado 6,3% e as exportações tenham caído 8,9%, de R$ 107,04 milhões para R$ 97,49 milhões entre os dois anos. 

É dentro desse cenário que começou ontem em Arapongas a nona edição da Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira (FIQ), que vai até sexta-feira, sempre das 13h às 20h, no Centro de Eventos Expoara. A perspectiva é de chegar a R$ 300 milhões em negócios, com 200 expositores que oferecem soluções de competitividade para fabricantes da região e de todos os estados do País. 

O presidente do Sima, Nelson Poliseli, diz que projeta crescimento comercial para o setor moveleiro regional de 10% neste ano. "Se melhorar a venda de móveis, o que eu acho que vai acontecer, vai ter crescimento no potencial de venda, de maquinário, de matéria-prima e de móveis." 

Presidente do Expoara e da FIQ, Wanderley Vaz de Lima, afirma que as margens de lucro estão achatadas e não é possível elevar preços, sob risco de as vendas caírem. "A única solução é produzir mais com menor custo e, para isso acontecer, depende do investimento em máquinas mais modernas." 

Com 65% de expositores da FIQ do setor de equipamentos para madeira, a tendência é que mais empresários busquem formas de melhorar a competitividade pela redução de gastos. "Diminuindo o custo de mão de obra direta e o desperdício, acreditamos na atualização do parque fabril das empresas", afirma o presidente da Câmara Setorial de Máquinas para Madeira da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas (Abimaq), Marcos Antonio Muller. 

Ele lembra que as linhas de crédito do governo têm incentivado a compra de bens de capital no País, o que, em parte, explica o avanço de 2,9% na produção industrial nacional em janeiro sobre dezembro de 2013, segundo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com janeiro de 2013, houve queda de 2,4% e, nos últimos 12 meses, alta de 0,5%. Porém, a fabricação de máquinas e equipamentos é a única a se manter no azul em todas as categorias, com alta de 12,1% desde janeiro de 2013 até o primeiro mês deste ano. "Isso acontece até porque há apreensão sobre até quando vai durar o Finame com as condições atuais", diz Muller, sobre linha empresarial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

No entanto, o executivo da Abimaq considera que não são todas as indústrias de bens de capital que estão em alta, mas, principalmente, as ligadas a máquinas agrícolas e veículos pesados, de plásticos e de envasamento. "Outras têm sofrido pela concorrência de máquinas importadas, que entram no Brasil porque a demanda lá fora caiu", diz. 

O lado positivo é que muitas empresas alemãs e italianas formaram joint ventures com empresas brasileiras, para aproveitar o crédito facilitado do Finame e lucrar dentro do Brasil. "Se a crise terminar, não significa que eles vão embora e vamos parar de produzir máquinas de tecnologia estrangeira, porque nesse processo vamos adquirir o know-how", diz Muller. 

Fonte: Folha de londrina, 12 março de 2014.