Começou o período de tensão orçamentária. O
comércio tenta convencer os brasileiros a gastar mais
para as festas de final de ano, as escolas já cobram
matrículas e o governo espera pelo pagamento de
impostos -IPVA (veículos) e IPTU (predial).
É hora de uma faxina geral nas finanças para evitar
que o ano que vem seja amargo.
Ou para que você descubra que existirá espaço para usar parte dos ganhos
extras comuns desta época -o 13º salário, comissões e até a restituição do
Imposto de Renda- em presentes de Natal. Ou na compra "daquele" pacote de
viagem, caso saia em férias.
"O ideal é já provisionar parte desses rendimentos extras para os gastos de
início de ano", diz a planejadora financeira Angela Azevedo.
Mas só a faxina apontará as alternativas. Essa tarefa é fundamental para
quem tem dívida, especialmente as parceladas com incidência de juros. O
primeiro passo é um raio-X de suas finanças. Levante quanto tem no caixa.
Depois, detalhe suas dívidas.
Como o pagamento das despesas fixas, particularmente os impostos, é
inadiável, a recomendação dos consultores é tentar quitá-los à vista. "Ao
pagar tudo de uma vez, há a possibilidade de conseguir desconto", diz Marcio
Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora.
Segundo ele, as pessoas se acostumaram a parcelar esses tributos, mas há um
custo na operação. "E nenhuma aplicação rende, no curto prazo, o desconto
oferecido."
Em São Paulo, o IPVA à vista tem desconto de 3%. A poupança, por exemplo,
rende 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial), bem abaixo desse
percentual.
RENEGOCIAR
Essa seria uma forma de manter mais recursos no caixa no longo prazo. Outra
seria renegociar dívidas ou quitá-las. "Dê a si mesmo de presente o fim das
dívidas", diz Thiago Alvarez, sócio-fundador do GuiaBolso, site de finanças
pessoais. "O que faz sentido nesta época é aproveitar a renda extra e quitar
parcelamentos."
Quem tem mais de uma dívida deve priorizar aquelas com juros maiores,
como cheque especial e cartão.
"Os juros do rotativo do cartão de crédito giram em torno de 10% ao mês. Se o
consumidor não conseguir pagar mais que o mínimo do cartão, nunca mais
sairá da dívida", diz Angela Azevedo.
Se não for possível quitá-las de uma só vez, a recomendação é tomar um
crédito com juros menores para pagá-las, como o empréstimo pessoal ou o
consignado.
"Quem tem esse tipo de dívida precisa tapar o buraco rapidamente. E isso
justifica sacrificar coisas a que as pessoas dão importância, como a festa de
Natal", diz o consultor André Massaro.
Se a faxina financeira for bem-feita, pode ser que sobre dinheiro. Mas os
consultores alertam: tente manter uma parte da sobra para começar uma
reserva, reforçada ao longo dos meses para o pagamento dos impostos do ano
seguinte. Se isso ocorrer, aí, sim, o Natal poderá ser farto.

 

Fonte: FOlha. S. Paulo, 20 de outubro de 2014.