Economia de tempo e conveniência. Alguns profissionais empreendedores perceberam que podem oferecer mais do que assistência em saúde, pacotes de viagem ou prestação de serviços aos seus clientes. Eles podem resolver o problema de deslocamento e, principalmente, de falta de tempo da maioria das pessoas, disponibilizando mais do que o produto ou serviço em si. Se alguns prestadores de serviço, como manicures, cabeleireiros e maquiadores, já viam no atendimento em domicílio uma alternativa de renda há tempos, hoje é possível até mesmo fazer um tratamento odontológico sem sair do conforto de casa. A dica para quem quer começar a disponibilizar o serviço é pesquisar o público-alvo, buscar opiniões com consultores de carreira e com quem já está no ramo de atendimento domiciliar. 

A dentista Suellen Sugayama viu em uma necessidade da família uma oportunidade de negócio. O pai dela teve um problema de saúde que o impossibilitava de ir ao consultório para fazer um tratamento odontológico, o que fez com que ela o atendesse em casa. Depois de ter o primeiro filho, resolveu reduzir o ritmo do consultório. Pesquisou sobre o assunto e descobriu que, em grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, dentistas já utilizavam equipamentos móveis para prestar atendimento nas casas dos pacientes. "Depois de perceber que mais pessoas poderiam estar na mesma situação que meu pai, comecei a avaliar esta possibilidade e conversar com profissionais que já estavam atendendo dessa forma. Quando tive meu bebê, resolvi sair da clínica que trabalhava e montar meu negócio, atendendo pessoas que tinham dificuldade de locomoção ou falta de tempo para ir ao consultório". 

Há um ano atendendo em domicílio e também em uma clínica fixa, em casos de procedimentos que não há possibilidade de fazer na casa do paciente, como implante dentário, ela garante que não se arrepende de ter iniciado o "Doutora em Casa". "Achei que ia trabalhar menos, por isso comecei o negócio, mas a verdade é que trabalho muito mais. Por ter contato com todos os familiares do paciente, tenho aquela sensação de ser amiga da família, como aqueles médicos de antigamente que iam até a casa e faziam parte da vida do paciente. Não troco mais essa dinâmica pelo consultório", ressalta. 

Na primeira consulta, Suellen vai até a casa do paciente, avalia o espaço disponível, faz uma triagem do que o paciente precisa para o tratamento e marca a consulta para outro dia. "Não tenho como levar todo o equipamento sempre. Às vezes levo a cadeira, em outras nem preciso, por falta de espaço, acabo atendendo o paciente no sofá. É uma satisfação porque atendo pessoas que, pela dificuldade de locomoção, estão nos seus 30 anos sem nunca ter ido ao dentista". Quando não é possível realizar o procedimento na residência do paciente, ela ainda oferece o serviço de buscá-lo em casa e, depois do procedimento no consultório dela, levá-lo de volta. Apesar do investimento que teve que fazer - aquisição de equipamento portátil e veículo para transportar - e a sala que ainda precisa manter, ela afirma que o retorno financeiro ocorreu em seis meses. "Não me arrependo porque pesquisei muito antes, eu sabia como ia funcionar. Valeu a pena". 

SOSSEGO DO DONO
O sentimento de satisfação e de ter feito a coisa certa também acompanha a jovem advogada Mariana Barrozo, que juntamente com a prima veterinária, Marília Cecília Barrozo, montou o "Sossego do Dono". Com cinco serviços, que incluem atendimento veterinário em domicílio, banho e tosa, pet sitter (cuidar do cachorro quando o dono viaja) e pet walker (passear quando o dono não tem tempo), elas já têm mais de cem clientes em um ano de serviço. "A van para banho e tosa temos há dois meses e o número de clientes está crescendo por indicação de quem usa o serviço e gosta". Mariana largou a profissão de advogada, os clientes e o escritório para cuidar de cachorros e animais, na casa do próprio dono, e não se arrependeu. "Fiz isso porque eu gosto de cachorro e queria mesmo reduzir o estresse dos animais que acabam ficando o dia inteiro em pet shops, esperando o dono ir buscar. Aqui, com a van, nós vamos até o cliente, fazemos o banho, a tosa ou o atendimento veterinário em frente à casa do dono e em uma hora ou menos estamos indo embora. Para o dono é uma comodidade, e o cachorro não fica estressado". 

A veterinária Marília, sócia de Mariana, garante que a questão da higiene também é muito mais garantida dessa forma. "Os cachorros não têm contato entre si. Após cada banho ou atendimento, higienizamos toda a van e esterilizamos toalhas e objetos. O risco de contaminação e proliferação de doenças entre os animais, principalmente se você tiver um filhote que ainda não recebeu todas as vacinas, é mínimo", assegura. 

A nutricionista Luisa Philippsen Camargo, guardiã de Tomy, de cinco anos, estava usando o serviço pela primeira vez e aprovou a facilidade. "Acabo perdendo a manhã inteira quando tenho que levá-lo ao pet shop e fico com dó porque ele não gosta de ficar na gaiola". Em frente aos olhos atentos da nutricionista, o Lhasa Apso foi tosado e tomou banho tranquilo. "Aqui ele vê que está em casa e fica mais calmo. Acabei usando o serviço porque vi a van na casa da minha vizinha. É muito mais cômodo e conveniente do que eu me deslocar com ele", conclui.

Fonte: Folha de Londrina, 27 de outubro de 2014.