O reajuste salarial conquistado pelos garis da Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana) após uma greve de oito dias deixaram Edilan da Conceição Gomes, 43, cheio de planos para os quase R$ 300 que receberá a mais. Ele espera um dia morar fora do Morro da Coroa, na região central do Rio, onde vive desde que nasceu.

Apesar do movimento grevista ter sido aplaudido pelos cariocas nas ruas do centro do Rio, o gari rejeita o título de "herói". "As pessoas na rua estão nos parabenizando muito, cumprimentando direto. Mas a gente não chegou a virar herói. Se a gente fosse herói, a gente não estaria sendo tão desvalorizado pela companhia", afirmou. "Agora, pelo menos, deu um aumentinho bom. Mas ainda precisa melhorar mais. Com o dinheiro do aumento, eu pretendo tentar ajeitar a minha casa e fazer o enxoval do bebê."

UOL acompanhou um dia de trabalho de Gomes. Para cumprir a carga horária de sete horas ininterruptas de trabalho coletando o lixo das ruas de Santa Teresa, Gomes acorda às 5h30. Ainda de madrugada, se arruma para o trabalho e se despede do filho de sete anos e da mulher. Ele toma um café da manhã rápido e se prepara para encarar o trajeto de 20 minutos a pé, no sobe e desce do morro. Muitas vezes não sobra tempo sequer para um lanche no meio do trajeto, e ele só se alimenta já na hora do almoço.

Em acordo firmado no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), os garis cariocas conseguiram reajuste de 37%, e o salário da categoria passou de R$ 803 para R$ 1.100. Conquistaram ainda um reajuste no tíquete-alimentação, corrigido de R$ 12 para R$ 20 por dia.

Fonte: UOL,13 de março de 2014.