Ainda que tenha apresentado uma queda na produção de 6,4% de janeiro a agosto deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, a indústria alimentícia do Paraná é uma das atividades que mais contribuem para a manutenção do emprego no Estado. O saldo entre admissões e demissões neste subsetor, de janeiro a setembro, é de 10.877 postos de trabalho. 

Em todo o País, somente São Paulo criou mais vagas na indústria alimentícia (22.259). Em terceiro lugar, vem Minas Gerais, com 5.948. O número de empregos criados pela indústria da alimentação no Paraná representa 93% do total de vagas geradas pela indústria da transformação (11.141) e 13,7% das criadas por todo o mercado de trabalho paranaense (79.319). Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 

Só para se ter uma ideia da importância da atividade, que no Caged é classificada como "indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico", ela é o 4º subsetor do Estado que mais emprega, de uma lista de 25. Em janeiro deste ano, o cadastro registrava 2,7 milhões de empregos formais, sendo que 200 mil estavam na indústria alimentícia e do etanol. Em termos de mão de obra, o subsetor só perde para o comércio varejista; os serviços de hotéis e alimentação; e os serviços de comércio e administração de imóveis e valores mobiliários. 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a queda na produção da indústria alimentícia paranaense foi puxada especialmente pelos seguintes produtos: bombons e chocolates em barras, rações e outras preparações utilizadas na alimentação de animais, além de chá mate beneficiado. É preciso ressaltar que, ao contrário do Caged, o IBGE não inclui no ramo de alimentação as bebidas, segmento que, segundo o instituto, foi um dos que mais cresceram neste ano: 5%. 

De acordo com o economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher, a grande maioria das vagas criadas, quase 7 mil, são da atividade relacionadas ao abate de aves. Outras 3 mil, são da produção de açúcar. "A indústria de alimento é muito intensiva em mão de obra. Tivemos neste ano uma safra muito boa. Então essa indústria está processando essa safra e vem contratando esses funcionários", afirma. 

Ele ressalta que a crise argentina, mais que o desaquecimento econômico interno, foi responsável pela queda dos produtos de maior valor agregado. "A Argentina importa muito dos nossos chocolates e bolachas", declara. Zurcher diz que as indústrias de chocolate fecharam cerca de 1,7 mil postos de trabalho no Paraná, neste ano. 

De acordo com o economista, a massa salarial da indústria alimentícia no Estado é de R$ 263 milhões, com salário médio de R$ 1.500. "Em todo lugar, o grande motor da economia é a indústria da transformação, que exige mais formação e paga melhores salários", declara. 

Fonte: Folha de Londrina, 10 de novembro de 2014.