O Brasil terá investimentos de R$ 1,169 trilhão em 6.068 obras de infraestrutura até 2019, sendo 80% de recursos públicos e 20%, de privados. Mas o Paraná ficará com uma mínima parte deste bolo. Serão R$ 25,213 bilhões, ou apenas 2,16% do total. Toda a Região Sul terá R$ 89,659 bilhões, o que representa 7,6% do total, perdendo apenas para o Centro-Oeste (2,7%). O Sudeste fica com 45,7% do bolo, o Nordeste, com 21,5%, e o Norte, com 9,6%. As informações são da pesquisa "Principais Investimentos em Infraestrutura no Brasil até 2019", encomendado pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).
Em todo o País, a área de transportes representa a maior fatia de investimentos, com um montante estimado de R$ 438,4 bilhões, ou 37% do total previsto. A maior obra é a Refinaria Premium, da Petrobras, em Bacabeira, no Maranhão, que consumirá R$ 40,2 bilhões. Ela já está sendo construída. Depois, vem o Trem de Alta Velocidade (TAV), que ligará Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo, com aporte de R$ 35,6 bilhões. Na sequência está o Superporto do Espírito Santo, com investimentos de cerca de R$ 20,7 bilhões.
Em seguida, o relatório aponta o setor de óleo e gás como o segundo maior em termos de aportes financeiros, com R$ 319,5 bilhões, o que representa 27,32%, do total.
Klabin
No Paraná, a obra mais cara, de R$ 8,8 bilhões, ainda não saiu do papel. É a expansão do ramal ferroviário Maracaju-Guarapuava-Paranaguá, que está em fase de projeto. A segunda maior é a fábrica da Klabin, no valor de R$ 5,8 bilhões, que já teve início. A obra em Telêmaco Borba (região central) emprega 8,5 mil pessoas e o empreendimento, quando estiver pronto (a previsão é para 2016), vai gerar 1,4 mil empregos diretos.
Depois, vem o metrô de Curitiba, com R$ 2,3 bilhões (em fase de projeto). Outra grande obra, que já teve início, é da da Usina Hidrelétrica de Baixo Iguaçu (Sudoeste do Estado), orçada em R$ 1,6 bilhão. As quatro obras representam 77% dos investimentos que serão feitos na área de infraestrutura no Paraná.
Segundo o vice-presidente da Sobratema, Mário Humberto Marques, os projetos estão relacionadas às necessidades e às vocações econômicas das regiões. "O Sul já está bem mais adiantado nessas áreas", justifica. Ele ressalta que a Sobratema vem fazendo o levantamento desde 2010 e que o estudo inclui obras previstas com orçamento aprovado e obras em execução. Marques ressalta que, nos últimos anos, devido ao desaquecimento da economia, vem diminuindo o porcentual de obras em andamento em relação ao total. Na pesquisa de 2012, os recursos dos projetos que já haviam começado representavam 54% do total. Esse porcentual caiu para 37% no ano seguinte e chega agora a 27%.
Economista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Curado concorda com o vice-presidente da Sobratema. "Boa parte dos projetos são de setores nos quais o Paraná já está estruturado, como a produção da energia e a malha rodoviária, que está acima da média da maioria dos estados", avalia. Ele ressalta que outra parte importante dos projetos listados está relacionada com a produção de óleo e gás. "No Paraná, nós não temos esses recursos", afirma.
Curado diz que a pesquisa deve ser analisada com cautela. "Parece pouco que o Paraná tenha apenas 2,16% dos investimentos. Mas isso é quase todo o investimento que será feito no Centro-Oeste, uma região que tem muito ainda para ser desenvolvida", declara. Outro motivo de cautela, de acordo com ele, se deve ao fato de haver muitas obras listadas, mas que poderão não sair do papel. "Um exemplo é o trem ligando Campinas ao Rio de Janeiro, projeto que parece estar engavetado."
Fonte: Folha de Londrina, 17 de novembro de 2014.