Em novembro, 87,4% das famílias paranaenses tinham algum tipo de dívida, ou seja, algum bem adquirido através de financiamento. O índice ficou praticamente estável em relação a outubro quando tinha ficado em 87,5%. No entanto, houve aumento na comparação com novembro do ano passado, quando o índice era de 86,1%. Os dados fazem parte de uma pesquisa elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgada pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR).
O Paraná lidera o ranking nacional do índice de endividamento, seguido de Santa Catarina (86,9%), Distrito Federal (82,7%), Amazonas (78%) e Paraíba (77,4%). Para o presidente da Fecomércio, Darci Piana, o reflexo do nível de endividamento no Estado será menos vendas do setor no final do ano. Ele prevê que esse índice de endividamento caia um pouco este mês com a entrada do 13º salário, mas deve voltar a ficar alto já no início de 2015.
Para a diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e responsável pelo programa "Trocando em Miúdos" da TV da universidade, Ana Paula Cherobim, o índice de 87% é alto. "O aumento do endividamento é ruim porque estamos com o País estagnado", pontuou.
Piana, por outro lado, disse que esse não é um indicador totalmente negativo. "A população paranaense possui o maior índice de dívidas, o que não significa que está inadimplente, a preocupação aparece quando observamos as pessoas incapazes de pagar pelos produtos que compraram. O Paraná tem a quinta maior renda per capita do País, o que dá segurança aos consumidores para parcelarem suas contas, pois sabem que terão condições de arcar com seus compromissos financeiros'', explicou.
Um dado preocupante é que em novembro deste ano, 24,3% dos endividados estavam com contas em atraso. Entre estes, 10,8% acreditavam que não teriam condições de pagá-las. O tempo médio de atraso das dívidas das famílias foi de 65 dias.
O Paraná é o oitavo em percentual de endividados com contas em atraso. Já entre os que não terão condições de pagar as dívidas, o Estado ficou em quarto, atrás apenas de Mato Grosso, Alagoas e Pernambuco. Para a economista da CNC, Catarina Carneiro, o aspecto positivo é que a maioria dos paranaenses ainda consegue pagar as dívidas. Piana acredita que isso ocorre em função da força da economia do Estado e da renda.
Ana Paula, da UFPR, alertou que a pessoa que está com contas em atraso, não está trabalhando para si mesma e para a família, mas para o banco. E exemplifica que se o consumidor não paga o condomínio, a taxa encarece para todos os moradores do prédio; se não paga a mensalidade escolar do filho, torna a escola mais cara para todos; se fica devendo no cheque especial, faz o banco aumentar a taxa de juros.
Comprometimento
Ainda segundo a pesquisa, a parcela média de renda comprometida com dívidas foi de 31,5% do orçamento das famílias. O cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida, com 64,7%, percentagem inferior aos 66% registrados em outubro e aos 72,8% em novembro do ano passado. Outras fontes de dívidas são os financiamentos de veículos (12,5%), financiamentos imobiliários (10,3%), carnês (6,2%), crédito pessoal (3,4%) e crédito consignado (1,8%). "A dívida no cartão é a pior, a mais cara, normalmente é para consumo e não agrega valor à família", alertou Ana Paula.
Fonte: Folha de Londrina, 02 de dezembro de2014.