Quando o assunto é montar um currículo para começar a procurar emprego, muitos jovens profissionais, ou mesmo quem busca uma recolocação no mercado de trabalho, têm calafrios. Numa época em que rapidez e informações certeiras são fundamentais, muitos ainda perdem o sono sem saber como montar um documento que reúna suas capacidades, interesses, informações pessoais e experiências sem afogar o recrutador em folhas e mais folhas de papel sulfite. Nesta hora, o publicitário e consultor de marketing Marcos Ferreira, autor do recém-lançado livro "Seja um profissional 2.0", sugere que é importante fazer um currículo diferenciado, com foto tirada por um profissional, papel diferente, usando cores e até mesmo códigos QR’s que direcionem para páginas pessoais da internet ou mesmo vídeos de apresentação, e diversos outros recursos para que o empregador tenha a real perceptiva da capacidade do profissional.
"É importante ressaltar que ter um currículo diferenciado não garante que a pessoa vá ser contratada para aquele emprego desejado, mas certamente garante que mais oportunidades de entrevista sejam oferecidas. Sem contar que o empregador já vê o esforço e empenho usados para que o currículo seja chamativo e interessante, e isso pode contar pontos para aquele profissional." No livro, Ferreira conta sua própria experiência: para ganhar uma vaga de professor em uma instituição de ensino superior, depois de cinco anos trabalhando em sua própria agência de publicidade, ele resolveu montar um currículo inédito.
A capa do documento parece uma peça publicitária que poderia ser publicada em uma revista, como se o produto da propaganda fosse o próprio profissional. Com uma foto de terno e braços cruzados na lateral do currículo, pegando mais da metade da página – ao invés daquela foto estilo três por quatro no canto de cima da folha – uma diagramação chamativa usando as cores da instituição que ele procurava emprego, informações pessoais e um código QR que direciona para seu site pessoal, ele chamou a atenção de vários departamentos da instituição, não somente do RH.
"Percebi quando fui fazer a entrevista que muitas pessoas me apontavam e falavam sobre mim", conta ele. As outras páginas do currículo mostram as experiências profissionais dele com o uso de imagens além do texto, como fotos em palestras e aulas, imagens de trabalhos realizados, painéis, mais códigos QR. O currículo ainda deixa a disponibilidade para que a faculdade possa convidá-lo para dar uma aula experimental, sem compromisso, para que ele seja avaliado. "Tudo para mostrar minhas características profissionais. Meu site tinha minhas informações, conteúdos que eu tinha gerado, mais fotos. O recrutador precisa saber como você é como profissional e, principalmente na minha área, de criação e marketing, eu precisava me destacar", salienta.
O resultado foi positivo. Vindo de Campinas, depois de entregar o currículo em diversas universidades, ele conquistou uma vaga de professor na área desejada na Unopar, e agora mora em Londrina. "Como eu tenho experiência na área de publicidade e criação, fiz meu próprio currículo. Queria mesmo me destacar, porque já trabalhei em uma indústria e via pilhas de currículos que eram entregues na portaria, todos iguais, alguns nem estavam grampeados e não tinham foto. Isso não atrai."
Fonte: Folha de Londrina, 26 de Janeiro de 2015.