Com base nos dados de atividade divulgados no começo deste ano, como a produção industrial de janeiro, a fabricação de veículos de fevereiro e informações preliminares de vendas de papelão ondulado no mês passado, economistas avaliam que o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deve apresentar um desempenho entre fraco e moderado, na margem.
Vários especialistas ponderaram que o PIB deve ter um ritmo levemente positivo, em relação ao quarto trimestre de 2013, devido, especialmente, a resultados modestos de investimentos, motivados por alguns fatores: alta de 3,50 pontos porcentuais da Selic desde abril, aperto fiscal pelo governo neste ano e incertezas relativas à gestão da política econômica a partir de 2015.
Há, porém, analistas, como Braulio Borges, da consultoria LCA, que avaliam ser possível a expansão do País um pouco maior, de 0,5% de janeiro a março, devido a outros elementos, como um resultado mais favorável do agronegócio e maior consumo de energia motivado pelo verão intenso, sobretudo na Região Sudeste.
Entre os elementos que reforçam a avaliação de que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deve ter um resultado com pouco vigor nos três primeiros meses do ano, está um fator novo: o temor de racionamento de energia, como ponderam as economistas-chefes da ARX Investimentos, Solange Srour, e da consultoria Rosenberg, Thaís Zara.
Para Solange, o ano eleitoral também é um componente que reduz o ímpeto do avanço da FBCF no País. E isso, segundo ela, ocorre num contexto de incertezas sobre como será a política econômica no próximo ano, mesmo com a possível vitória da presidente Dilma Rousseff.
Na avaliação de Thaís Zara, com a alta de juros de 7,25% para 10,75% em menos desde abril e a expectativa de redução substancial dos gastos do governo em 2014, é esperado um arrefecimento do ritmo dos investimentos neste ano, o que influencia diretamente a demanda agregada.
Além da elevação dos juros e da política fiscal "não expansionista" neste ano, outro elemento que indica um quadro desfavorável para o nível de atividade neste começo de ano são restrições para o aumento da concessão de crédito dos bancos, que já atinge instituições públicas, como Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal, destaca o economista-chefe da BRAM, Fernando Honorato Barbosa.
Ele também aponta um outro fator neste contexto, que é um resultado abaixo do esperado das exportações brasileiras, motivada por um desempenho menos favorável de países da América Latina, especialmente a Argentina.
Mas uma parte dos especialistas acredita que o PIB pode ter um desempenho um pouco mais forte neste ano, inclusive porque esperam correria uma expansão moderada do crescimento no primeiro trimestre, quando deve subir 0,5%, afirma Braulio Borges, economista-chefe da LCA. Ele estima que o agronegócio deverá ter uma alta de 3% a 4% entre janeiro e março, na margem, marca bem melhor do que a estagnação registrada no último trimestre de 2013.
Fonte: Jornal de Londrina, 17 de março de 2014.