Profissionais com experiência foram os mais prejudicados pelo desaquecimento do mercado de trabalho formal. Em 2014, as demissões de trabalhadores com 25 a 49 anos superaram as contratações pela primeira vez em pelo menos nove anos.
No Paraná, cerca de 16 mil postos de trabalho ocupados por pessoas dessa faixa etária foram fechados. No Brasil, o saldo entre admissões e desligamentos ficou negativo em 354 mil vagas. Tanto no estado quanto no país, metade das dispensas dessa faixa ocorreu no grupo intermediário que vai dos 30 aos 39 anos.
Os dados foram obtidos pela Gazeta do Povo no banco de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, que apresenta informações divididas por faixa etária desde 2006.
Embora a criação de vagas para os profissionais de 25 a 49 anos já estivesse perdendo força, o total de demissões nunca havia superado o de contratações na série histórica – nem mesmo em 2009, quando a crise financeira fez estrago mundo afora.
Para os profissionais com 50 anos ou mais, muitos dos quais deixam definitivamente o mercado, o saldo costuma ficar negativo todo ano. Foi assim em 2014, com extinção de 15 mil postos no estado e 251 mil no país.
Salário menor
O emprego com carteira assinada cresceu apenas para os trabalhadores menos experientes, com até 24 anos de idade. Para eles, foram geradas pouco mais de 72 mil vagas no Paraná e cerca de 1 milhão no Brasil, números que compensaram as demissões dos mais velhos e ajudaram o mercado formal a encerrar 2014 com um saldo geral positivo, embora bem mais fraco que o dos anos anteriores.
Esses movimentos indicam que o mercado de trabalho formal está se deteriorando. Além de gerar cada vez menos empregos com carteira assinada, o país está abrindo mão de profissionais experientes e preenchendo apenas vagas de baixa remuneração, uma vez que o salário de admissão dos jovens é menor. No Paraná, por exemplo, os recém-contratados com até 24 anos receberam, em média, R$ 988 por mês em 2014 – R$ 257 a menos que o valor médio pago a funcionários com 25 anos ou mais.
“Parte importante dos trabalhadores da faixa etária de 25 a 49 anos está concentrada na indústria e na construção civil, setores que estão destruindo empregos. Provavelmente por isso essa faixa sofreu mais”, avalia o economista José Márcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos. “Os mais jovens começam a trabalhar no setor de serviços ou no comércio, que no geral pagam salários mais baixos.”
Camargo acredita que o mercado de trabalho continuará em declínio neste ano. “Como em minha avaliação a economia terá crescimento negativo, haverá uma destruição maior de empregos. A taxa de desemprego deve subir e provavelmente teremos saldo negativo no emprego formal”, diz.
Fonte: Gazeta de Povo, 06 de fevereiro de 2015.