Carga exagerada, prazos absurdos e chefes intransigentes são alguns dos fatores que mais afetam as pessoas no trabalho. Mesmo que na vida corporativa algumas cobranças sejam inevitáveis, é preciso avaliar o grau que essas exigências estão comprometendo a "saúde" da empresa. Caso contrário, além do clima ruim surgirão mais atestados e faltas, resultando em um baixo rendimento e produtividade.
O problema é que a saúde emocional ainda não é um tema recorrente nas empresas. A psicóloga e business partner Wivian Christina Sá Pelisson, que tem experiência em Recursos Humanos (RH) há dez anos, revela que hoje o modelo de trabalho não requer só habilidades e competências, mas também um equilíbrio emocional.
"A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 5% da população mundial sofre de depressão e isso impacta totalmente nas empresas. Cada vez mais as pessoas estão se afastando do trabalho por doenças emocionais", avalia. Segundo ela, com o volume e velocidade de informações, as pessoas buscam estar atentas o tempo todo, o que causa um estresse muito grande. "A depressão, transtorno de ansiedade e fobias têm tudo a ver com essa exigência por produzir cada vez mais, mas muitos se esquecem que está lidando com seres humanos e não máquinas", ressalta.
A psicóloga e coach de carreira Nicole Tomazella, comenta que, nos últimos anos, a procura por consultorias tem aumentado por pessoas físicas, mas principalmente por empresas. "Elas buscam entender o que está exatamente acontecendo com os funcionários, até mesmo por uma preocupação em reduzir custos, pois estão investindo em benefícios que não estão trazendo resultados", afirma.
Considerando que a queixa mais comum é a insatisfação com o trabalho, ela explica que o processo de coaching vai ajudar o funcionário a identificar as razões que os levam a querer trabalhar e de que forma ele poderá sair dessa condição. "Seja na busca por uma nova oportunidade de trabalho ou até uma ressignificação do ambiente de trabalho atual", completa.
TERMÔMETROS
No dia a dia, o funcionário vai perceber que algo não está bem por meio de alguns sinais, como irritabilidade, tensão, taquicardia, dor de cabeça constante, bruxismo, entre outros. Já na empresa, isso aparecerá em forma de atestados e faltas. "O RH vai perceber que os atestados não estão relacionados entre si, ou seja, o colaborador não está fazendo um tratamento para determinada situação. Ele está realizando vários exames porque não consegue identificar uma única causa", comenta Nicole.
Além disso, a psicóloga Wivian diz que os líderes de equipes podem ser os termômetros da empresa. "Se eles estiverem atentos aos funcionários, as chances de perceberem algo errado são maiores. E, quando identificados precocemente, os problemas ficam mais fáceis de serem resolvidos", acrescenta.
Fonte: Folha de Londrina, 23 de fevereiro de 2015.