Enquanto alguns brasileiros ainda estão longe de se sentirem totalmente satisfeitos com a profissão, outros já podem afirmar essa condição. O fato se deve a um comportamento tido como tendência no universo profissional.
Isso significa que na mão contrária dos melhores salários, as pessoas estão priorizando a satisfação e valorização na área profissional. E essa conduta segue em um ritmo acelerado e pode ser comprovada através de pesquisas.
Recentemente, a Hays, multinacional britânica de recrutamento especializado para média e alta gestão, em parceria com o Insper, instituição de ensino e pesquisa independente, divulgou o Guia Salarial 2014/2015, com a entrevista de 8.500 profissionais de nível superior.
Do total, 79,17% mostraram-se interessados em uma nova oportunidade de carreira este ano. O site de empregos Catho também divulgou uma pesquisa Ano Novo 2015, com o objetivo de identificar quais são as principais expectativas na carreira dos brasileiros.
Dos 615 respondentes, 67,7% dos profissionais disseram ter planos de mudar de emprego. Destes, 25,3% responderam que têm certeza da mudança e 42,4% disseram que talvez irão mudar.
Uma outra pesquisa, realizada pela Michael Page, especializada em recrutamento, detectou que 38% dos 500 executivos posicionados entre média e alta gerência pretendem se arriscar a mudar de emprego ao longo de 2015. Deste percentual, 21% têm planos, inclusive, de mudar de setor.
SATISFAÇÃO
Toda essa mudança de paradigmas é um reflexo das transformações do mercado de trabalho. Hoje, a motivação para uma grande parcela da população é a satisfação e valorização profissional. Ou seja, se tempos atrás a remuneração era o aspecto mais importante, hoje a possibilidade de trabalhar com algo prazeroso e idealizado, assume um posto primordial.
Para Thiago Spiri Ferreira, coordenador do Curso Superior Tecnológico em Logística, Recursos Humanos e Finanças, da Faculdade Pitágoras, unidade Londrina, essa condição pode ser explicada pela pirâmide de Maslow, criada por Abraham Maslow entre os anos de 60 e 70.
Ela é dividida em partes: Fisiológicas, Segurança, Sociais, Estima e Autorrealização. E, segundo Ferreira, está ocorrendo uma inversão dos fundamentos da pirâmide. As pessoas estão buscando mais autorrealização porque as partes fisiológicas já são uma obrigação das empresas (veja infográfico).
"Antigamente, as informações nas empresas eram de cima para baixo, em um grau hierárquico. Hoje, as pessoas estão questionando mais, querem melhorar e esperam que a empresa em si, também tenha uma melhora de desempenho na qualidade do serviço", comenta.
E toda essa mudança, Ferreira atribui aos novos perfis de profissionais - dinamismo, conhecimento acadêmico e pró-atividade - e também às inovações tecnológicas. "Se você for um profissional antenado, certamente saberá o que é tendência para o futuro. Um profissional completo hoje é aquele que tem a ideia de como ele pode contribuir para a empresa", afirma.
Além disso, ele reforça que as pessoas estão buscando mais qualidade de vida, cobrando que as empresas ofereçam isso e invista em benefícios, em troca de um melhor desempenho. "Estudos estão deixando claro que as empresas precisam investir no capital intelectual de seu colaborador. Antes, ele tinha tarefas, mas hoje, ele está colaborando para o crescimento da empresa", completa Ferreira, ressaltando que, há tempos, já havia indícios de que haveria uma inversão da pirâmide.
Fonte: Folha de Londrina, 30 de março de 2015.