No universo corporativo atual, enxergar uma oportunidade é uma habilidade indispensável, assim como estar aberto a novos desafios e saber se relacionar no ambiente de trabalho. Essas são algumas características que se destacam naqueles que ocupam hoje uma posição chave na empresa ou um cargo de liderança. 

Porém, com o desenvolvimento rápido dos mercados é possível preparar jovens profissionais para tal competência, em um período relativamente curto? Para João Roncati, diretor da People+Strategy, uma empresa de consultoria em São Paulo, a resposta é positiva. 

Para isso, é preciso oferecer suporte e ferramenta que os impulsione a se desenvolverem. Hoje, muitas empresas já investem em aceleração profissional, ou seja, um processo de formação com treinamentos e consultorias para que o profissional possa vivenciar algumas situações que em um curso normal, demoraria a acontecer. 

"Nós que somos especialistas em formação e lideranças sabemos que os cursos dão ferramentas e sensibilizam o profissional, mas em um curso regular, eu não acelero maturidade. É nesse sentido que esse tipo de programa se destaca. Muitas vezes, a empresa não pode esperar o tempo para maturidade profissional de determinado colaborador", afirma. 

Além dos objetivos, o programa de aceleração possui um processo diferenciado, onde a dedicação é indispensável e a vivência é a base do aprendizado. O profissional será exposto a situações no dia a dia e estará sujeito à velocidade da rotina e a aleatoriedade dos acontecimentos. 

"Por exemplo, um jovem promovido à liderança não tem experiência em algumas situações de difícil decisão, de conflito. Dentro da aceleração, ele será preparado por consultores e líderes seniores. Vamos expor esse tipo de coordenada para que ele reaja e seja observado", explica. 

Ainda de acordo com Roncati, os programas podem ser de caráter técnico ou de liderança. Para cada situação, a estrutura deverá ser específica e focada. No caso da técnica, a participação de profissionais de referência da própria empresa é importante porque ajudará a reduzir a distância entre o conhecimento organizado e a prática. 

Além disso, é preciso somar temas comportamentais, como inter-relacionamento pessoal, comunicação e expressão. Já quando se trata de liderança, o foco está principalmente nos desafios de coordenação de equipes e a participação de profissionais experientes podem desempenhar funções de mentoring e coaching. 

Em relação ao tempo de aceleração, Roncati afirma que um programa de seis meses pode fornecer situações que os profissionais só vivenciariam por exemplo, acima de dois anos de trabalho. 

DEDICAÇÃO
Mesmo com as consultorias e treinamentos, é necessário considerar que cada um tem seu tempo para se adaptar às funções e ser despertado para novos desafios. Nesse contexto, vale lembrar que cada indivíduo possui uma bagagem de vida e experiências que podem ou não, contribuir para a aceitação de novos desafios. 

Para João Roncati, em um processo de aceleração, o indivíduo precisa ter consciência sobre a necessidade de "um esforço extra para se formar um profissional que vai estar além dos outros." É nesse sentido que ele enfatiza a importância da dedicação e esforço pessoal. 

Ele ainda destaca que um bom líder hoje é aquele que está ligado nas variáveis de mercado que causam impacto em seus negócios. "Não basta olhar só para dentro", diz. Em segundo lugar, Roncati ressalta o conhecimento sobre a equipe de trabalho. Além da proximidade, é preciso identificar quais competências são necessárias para os desafios. "Às vezes minha equipe não tem e é preciso buscar reforço fora", completa. 

E por fim, a terceira variável é ter bastante conhecimento do que é ser líder e fazer um "ajuste" da própria imagem. "Saber no que se é bom e no que é preciso ser melhorado, pois a partir daí é possível desempenhar o melhor papel possível de liderança", conclui.

Fonte: Folha de Londria, 06 de abril de 2015.