Aos 23 anos, Thaisa Fernanda Sargi vai embarcar em um desafio com um propósito especialmente profissional. Daqui algumas semanas, ela, que é relações públicas, estará em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, a fim de aprimorar o inglês. 

"Além de amigos que tiveram essa experiência e revelaram o quanto faz diferença na vida profissional, já era um plano pessoal", conta Thaisa, que tem como meta, aperfeiçoar o idioma para, em breve, conseguir um projeção na carreira. "Quero crescer e buscar uma vaga de analista", complementa a assistente de comunicação na multinacional Adama, em Londrina. 

De acordo com a jovem, a fluência no inglês é um importante passo para um melhor posicionamento na empresa. "Por se tratar de uma multinacional, trabalhamos no dia a dia com muitas informações em inglês que precisam ser traduzidas para os colaboradores. Também recebemos muitos visitantes estrangeiros que se comunicam através do idioma", conta. 

Thaisa estudou a língua por seis anos no Brasil, mas acredita que a vivência por um período de 30 dias em outro país, vai trazer melhores resultados. "Vou perder a vergonha de falar, até porque vou ficar em casa de família, o que vai colaborar e acelerar esse processo ainda mais", diz. 

Assim como Thaisa, a cada ano, milhares de estudantes e jovens profissionais ingressam em diferentes países em busca de um diferencial no currículo. Apesar de ser uma prática que não é nova, na última década houve um aumento significativo. 

Segundo a Associação Brasileira de Operadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta), em 2004, foram 42 mil estudantes brasileiros enviados por agências de intercâmbio, associadas e não associadas à Belta, para os mais diferentes destinos. Já em 2014, esse número subiu para mais de 232 mil, ou seja, um crescimento de 453%. 

Para Carlos Robles, presidente da Belta, isso é um reflexo da necessidade dos profissionais em se inteirarem no mercado internacional, através do aprendizado de um novo idioma ou, mesmo, por um estágio em determinada área. "Com a globalização, as empresas têm atuado em diversos lugares do mundo, e ter colaboradores preparados gera não somente uma maior confiança, mas também tranquilidade para a própria empresa", afirma. 

De acordo com ele, a expansão do intercâmbio sempre será ascendente. "Sempre haverá novos jovens saindo das universidades, que vão buscar esses programas em busca de habilidades e aptidão para melhorar o currículo e ingressar no mercado de trabalho. Hoje, isso tudo é hipervalorizado pelos headhunters, pessoas que vão recrutar esses jovens", diz. 

PERFIL
O levantamento feito pela Belta aponta também um perfil dos intercambistas. Em relação à faixa etária, a maioria (73%) dos estudantes que viajam para estudar no exterior tem entre 18 e 30 anos e 37,5% permanece, em média, de um a três meses no destino. 

"Os jovens terminam uma graduação, querem ingressar no mercado de trabalho, mas o currículo ainda não tem nenhum diferencial para um mercado competitivo de hoje. Essa é uma grande motivação", aponta. 

Entre os destinos mais procurados, segundo as agências entrevistadas, o Canadá ocupa o primeiro lugar (91,3%), seguido dos Estados Unidos (75%), Inglaterra (68,8%) e Irlanda (18,8%). Outro dado apresentado pela entidade é que o tipo de curso com maior procura é o de idiomas (63,4%), em seguida surge o ensino médio e, em terceiro, aparecem os cursos de férias. 

PLANEJAMENTO
Com o momento de alta do dólar, Robles acredita que pode haver uma variação no número de intercâmbios. No entanto, um fator muito importante e que pode fazer diferença, inclusive financeira, é o planejamento. 

Segundo ele, as pessoas devem se programar com pelo menos de três a seis meses de antecedência. "Fazer um curso fora do país requer uma estratégia muito grande, pois existem inúmeras possibilidades e destinos", comenta. 

Para isso, é interessante buscar a ajuda de consultores e agências que podem não só viabilizar esse desejo, mas fornecer informações bastante úteis. Porém, em primeiro lugar, certifique-se sobre a idoneidade da agência escolhida.

Fonte: Folha de Londrina, 13 de abril de 2015.