O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse ontem que a energia elétrica faz parte de um mercado regulado e que seu preço não pode oscilar de acordo com as situações climáticas. "A energia não pode ser tomate", disse.
A explicação do secretário está relacionada com os futuros repasses e aumento das tarifas do consumidor, no ano que vem, que devem refletir o aumento de custo que as distribuidoras estão tendo este ano com a compra da energia. Esse preço subiu porque a seca intensa no País vem prejudicando a recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas e faz aumentar o uso de usinas térmicas, mais caras e poluentes.
Por decisão do governo, todos os repasses que estão sendo feitos pelo Tesouro para socorrer o setor agora só entrarão nas tarifas a partir do ano que vem.
O secretário defendeu que esta decisão não está relacionada com o processo eleitoral, que ocorre no segundo semestre deste ano, e com o possível prejuízo que um aumento da conta de luz causaria a imagem da presidente Dilma Rousseff.
"Nós temos 5.000 megawatts médios que no ano que vem vão custar mais barato. Essa energia vai cair de R$ 150 ou R$ 130 para R$ 30", disse. "Isso representa uma economia de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões por ano ao longo dos próximos 30 anos."
Por este motivo, segundo o secretário, o governo conseguirá compensar esse aumento de custos com a redução prevista para o ano que vem, de forma que os preços finais não serão muito afetados. Essa energia mais barata a que ele se referiu virá da relicitação das usinas que não prorrogaram seus contratos de concessão com o governo e que serão relicitadas a um preço mais baixo.
Ele reforçou que o setor elétrico está em "equilíbrio estrutural" dentro de um risco previsto pelo sistema de desabastecimento que fica dentro dos 5%, índice de segurança aceito pelo mercado.
Para Zimmermann a situação atual é muito melhor que a de 2001, quando houve racionamento no País.
"Hoje aguentamos uma situação muito maior de estresse do sistema. Em 2001 faltavam usinas, linhas de transmissão. Havia um desequilíbrio estrutural. Tivemos na época uma seca bem mais fraca que a atual", afirmou. "Hoje estamos estruturados. Temos planejamento", reforçou.
Fonte: Folha de Londrina, 20 de março de 2014.