Com a convocação às pressas dos secretários do Trabalho, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), e do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida (PMDB), o governo estadual conseguiu ontem aprovar o polêmico projeto de lei 115/2014, que aumenta o capital social da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) de R$ 2,6 bilhões para R$ 4 bilhões. Foram 31 votos favoráveis e 15 contrários. A apreciação aconteceu no regime de comissão geral, com uma sessão extraordinária e tendo dispensada a redação final. No mesmo dia, a matéria seguiu para sanção do governador Beto Richa (PSDB).
Os dois peemedebistas estavam licenciados da Assembleia Legislativa (AL) desde que assumiram suas funções no Palácio Iguaçu. No entanto, no final da manhã de ontem, encerrada a reunião na AL com o presidente da Sanepar, Fernando Ghignone, foram chamados para reforçar a base aliada. Assim, os suplentes da coligação, Gilberto Martin (PMDB) e Luiz Carlos Martins (PSD), tiveram de deixar a Casa.
A troca surpreendeu muitos parlamentares. Sem ter sido comunicado até minutos antes da plenária, Martins, que é contra a proposta, se disse traído por Beto. "Pensei que a gente estava vivendo em um ambiente democrático. O governador não precisava fazer isso comigo. Tenho uma história aqui de vários anos. Já ocupei grandes cargos e sempre procurei agir, de forma transparente, para não macular essa Casa e os meus companheiros", afirmou, acrescentando que a estratégia pode inclusive refletir no seu posicionamento durante a campanha. "Serei um arauto do despertar de um novo tempo no Paraná. Não posso me calar."
Questionado sobre o fato de ter maioria na AL, mesmo sem as presenças de Romanelli e Cheida, o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), falou que precisava de "segurança absoluta". "É um assunto de interesse do Estado, que com certeza trará muitos resultados à população paranaense. Portanto, reconheço a indignação do deputado, mas esse é o processo natural do jogo do parlamento", argumentou. A convocação de secretários licenciados já aconteceu em outras ocasiões, tanto na gestão tucana como em administrações anteriores.
O presidente da AL, Valdir Rossoni (PSDB), alegou que a troca foi motivada pelos próprios titulares, não cabendo a ele questioná-la. "Regimentalmente, não posso negar a posse. Cabe ao presidente acatar o regimento."
Já o líder do PT, Tadeu Veneri, disse não entender a urgência na aprovação do projeto. Ele voltou a afirmar que o mercado está muito difícil. "A Sanepar é a única empresa do Brasil a colocar ações para vender nesse momento. Para nós, continua sendo um processo muito mais com a intenção de fazer caixa para o governo do que qualquer outra coisa."
Saiba Mais
Projeto de lei aprovado ontem na AL aumenta o capital social da Sanepar de R$ 2,6 bilhões para R$ 4 bilhões.
De autoria do Executivo, matéria recebeu 31 votos a favor e 15 contra; a AL tem um total de 54 deputados estaduais.
Sessão da AL foi transformada em "comissão geral", mecanismo usado para acelerar a votação.
Fonte: Folha de Londrina, 20 de março de 2014.