Mensurar e acompanhar os motivos que levam um profissional a pedir demissão. Esse é um ponto fundamental para a saúde das empresas e que vem ganhado holofotes com o cenário de crise econômica.
Entre janeiro e março deste ano, a Michael Page, um dos maiores players mundiais em recrutamento especializado, realizou uma pesquisa com mil executivos no país, para elencar os principais motivos de desligamentos.
As cinco maiores razões foram: nova oportunidade de trabalho; estagnação; desestimulação; baixa qualidade de vida e insatisfação salarial. Para o headhunter Ricardo Rocha, gerente executivo da Michael Page, os motivos costumam ser recorrentes nos últimos anos, mas a ordem se altera.
"A gente vê claramente neste ano que a questão da oportunidade de trabalho acaba sendo mais relevante porque é um momento mais delicado de economia, onde os profissionais procuram realmente fazer uma movimentação quando eles entendem que essa oportunidade vai agregar uma mudança, em um plano de carreira mais interessante para ele", observa.
De acordo com os dados da pesquisa, 22% dos entrevistados citaram a nova oportunidade de emprego como razão para o pedido de demissão. Em seguida, 17% e 15% disseram se sentir estagnado e desestimulado, respectivamente. Já a insatisfação com o salário e a baixa qualidade de vida foram as respostas para 8% dos consultados.
As colegas de trabalho Francieli Pereira e Daniele Souza são hoje sócias-proprietárias, mas durante anos trabalharam em um salão de beleza no centro de Londrina. "Chegou em um ponto que a gente não via nenhuma oportunidade de crescer ali. Existia um desinteresse muito grande por parte do dono, em ampliar, em fazer com que os funcionários crescessem juntos como negócio. Era uma estagnação para mim", conta Francieli.
Além das duas, outras três funcionárias também chegaram a pedir demissão na época, por insatisfação. Hoje, dois anos à frente do próprio salão de beleza, Francieli acaba fazendo dessa experiência ruim, um aprendizado para ser praticado diariamente no trabalho.
"Não ganho muito dinheiro, mas tenho satisfação e o que é melhor, a sensação de que é possível melhorar. Eu e minha sócia, desde o início, conversamos sobre ter uma postura diferente. No dia a dia procuramos ressaltar e reconhecer o trabalho das funcionárias e o mais importante, trabalhar e pensar em equipe. Todas nós queremos melhorar e crescer", diz.
BAIXO DESEMPENHO
Um outro dado apresentado no ano passado foi da consultoria Robert Half. Foram entrevistados 100 diretores de Recursos Humanos (RH) no país e destes, 34% apontaram que "o baixo desempenho profissional é a principal causa de demissões no Brasil".
Em segundo lugar aparece a falta de aderência à cultura da empresa, seguida de relacionamento ruim com a equipe, problemas relacionados à frequência, como atrasos e faltas e relacionamento ruim com o superior.
Ainda de acordo com essa pesquisa, 54% dos entrevistados consideram os programas de treinamento e de desenvolvimento como uma prevenção contra a rotatividade. Também vale considerar um processo de recrutamento mais elaborado. "A gente acaba vendo, principalmente em um momento como esse, que as empresas querem ter realmente o profissional mais acertado para função que precisam", comenta Rocha.
Fonte: Folha de Londrina, 11 de maio de 2015.