A bancada do governo na Assembleia Legislativa apresentou ontem ao chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, duas propostas para viabilizar o reajuste salarial de 8,17% do funcionalismo público estadual. Inicialmente, os deputados governistas não quiseram detalhar quais seriam as alternativas oferecidas, alegando risco de atrapalhar as negociações.
Já no início da noite, após nova reunião com a cúpula do governo no Palácio Iguaçu, o líder da base governista, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), revelou quais seriam as duas propostas. Uma delas prevê o pagamento da reposição da inflação anual de 8,17% em quatro vezes, divididos em parcelas a serem pagas em julho e setembro deste ano e janeiro e março de 2016. A outra prevê a antecipação da data-base dos servidores de maio para janeiro, com aumento de 3,45% em setembro deste ano e o restante a ser pago no ano que vem.
Até agora o governo tem mantido oficialmente a posição de insistir em um reajuste de 5%, dividido em duas parcelas. Os deputados da base aliada do governador Beto Richa (PSDB), porém, já avisaram que não pretendem comprar nova briga com o funcionalismo, e que se o Executivo enviar à Assembleia um projeto com esse índice, os parlamentares vão apresentar emendas para aumentá-lo. A sinalização de que o governo não teria maioria para impor um reajuste abaixo da inflação ficou clara depois que parlamentares de diversos partidos da base de situação – incluído o PSC, que tem a maior bancada da Casa, com doze deputados – passaram a defender a reposição integral.
Sciarra não disse nem sim, nem não à proposta da bancada, limitando-se a dizer que levaria a questão ao governo. “Não queremos antecipar nada porque entendemos que as duas (propostas) são factíveis, mas precisam ser validadas internamente pelo governo”, disse o secretário.
O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), afirmou que uma nova reunião dos parlamentares com a cúpula do Executivo aconteceria ainda ontem à noite, no Palácio Iguaçu. Ele avisou que não pretende colocar nenhum projeto em votação enquanto não houver um acordo. “O problema é que se chegar um projeto sem entendimento vamos ter outro conflito. Os próprios deputados da base do governo não querem novo confronto”, disse o tucano, dando a entender que os deputados não estão dispostos a correr riscos depois do que aconteceu na votação do projeto que alterou as regras do fundo de aposentadoria dos servidores, no último dia 29, quando o Centro Cívico foi transformado em “praça de guerra”, com mais de 200 feridos no último dia 29.
“Minha expectativa é que se defina uma posição hoje (ontem) e que amanhã (hoje) possa vir o projeto, ou, pelo menos, que seja anunciado qual projeto será enviado”, afirmou o líder do govenro na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). “Nos dois casos tem que haver parcelamento por problemas no fluxo de caixa”, confirmou Romanelli. “A base partiu de um pressuposto que só vai aprovar quando a proposta foi considerada correta. Sendo assim, estas duas tecnicamente corretas e financeiramente viáveis. Quem decide é o governador Beto Richa”, explicou o peemedebista.
Espera
Do lado dos servidores – em especial dos professores, cuja greve completou ontem um mês – a expectativa é de que o governo finalmente apresente oficialmente uma proposta oficial de reajuste.
Fonte: Bem Paraná, 27 de maio de 2015.