Se uma empresa pretende crescer, o caminho é investir no conhecimento. Essa é a aposta de muitas empresas brasileiras que vêm evoluindo com o mercado no que se refere a modelos de gestão e estratégia. 

Essas empresas não só estão de olho no presente, mas também estão enxergando longe. Elas estão investindo na formação e capacitação dos colaboradores por meio de sistemas próprios de educação. 

São as chamadas Universidades Corporativas (UCs). "É um sistema que permite as empresas criarem trilhas de aprendizagem e conhecimento, focadas nas estratégias do negócio", diz o diretor-executivo da Associação Brasileira de Educação Corporativa (AEC), Marcos Baumgartner. 

Segundo ele, a estimativa é que atualmente cerca de 500 UCs estejam ativas no País. E se falarmos em tendência, o otimismo é real. "Observamos um crescimento em torno de 10% ao ano", diz. Mas apesar do nome "universidade", esse sistema não funciona como uma. 

Não há vínculo ou reconhecimento com o Ministério da Educação (MEC), mas os colaboradores recebem certificados. Muitas delas têm parcerias com instituições de ensino locais. Em geral, não há custos para os funcionários e as aulas ou treinamentos, sejam presenciais ou a distância, ocorrem durante a jornada de trabalho. 

O conceito de Universidade Corporativa surgiu há cerca de 20 anos, nos Estados Unidos, sob o entendimento de que era preciso extrapolar as necessidades do funcionário ao desempenhar uma função, visando o desenvolvimento de mais competências. Seguindo um fluxo natural do mercado, o Brasil passou a adotar esse conceito, em especial na última década. 

"As empresas estão migrando de uma estrutura de treinamento para um sistema de educação corporativa porque existe uma tendência de que é melhor investir no potencial das pessoas ao invés de tentar eliminar suas deficiências. Em uma empresa que tem o conceito de educação corporativa, o processo de desenvolvimento é alto e os próprios colaboradores se motivam, visando uma projeção na carreira", afirma. 

ERA DO CONHECIMENTO
Ao percorrer uma linha do tempo sobre as evoluções do mercado de trabalho no que se refere a gestão, o diretor de Educação do ISAE/FGV, Antônio Raimundo dos Santos, explica que vivemos hoje a Era do Conhecimento, também chamada de Era da Competitividade. 

A grande descoberta é que para ser competitiva, a empresa tem que ser inovadora e a matéria-prima para isso é a informação, que é um subproduto do conhecimento. "E esse saber é aprendido", salienta. 

Segundo ele, durante décadas, as ferramentas de trabalho eram baseadas em "braços e pernas". "A última coisa que perguntavam era o que o colaborador está produzindo mentalmente. Ou seja, produzir conhecimento não era trabalho", afirma. 

Foi a partir da década de 1950 até meados dos anos 1970, quando grandes mudanças se consolidaram, formando a Era da Qualidade é que se iniciou um movimento mais focado no desenvolvimento dos funcionários. 

"Surgiu então, a importância de incrementar a ideia do Recursos Humanos. Ou seja, as equipes passaram a ser vistas como uma garantia de bons resultados e com isso, a necessidade de treinamento passou a ser maior", diz. 

Sobre a aposta nas universidades corporativas, Santos comenta que elas devem ter de fato uma visão mais estratégica porque "acabam se tornando uma filosofia de desenvolvimento humano", acrescenta.

Fonte: Folha de Londrina, 08 de junho de 2015.