Se o mercado de trabalho passa por mudanças, os profissionais também se reinventam. Hoje, uma boa parcela da população não alimenta mais o pensamento de permanecer décadas na mesma empresa.
Se olharmos para a nova geração, fomentada pela tecnologia, vamos descobrir que também são profissionais que priorizam a qualidade de vida e, consequentemente, o prazer no exercício da profissão.
E ao juntarmos essa nova formatação da carreira com o momento atual de crise, podemos observar um grande espaço se abrindo para os profissionais temporários ou freelancers.
Dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados no mês passado, mostram que o mercado formal brasileiro já registrou uma perda de mais de 243 mil vagas neste ano, como resultado das 8.509.494 demissões.
Em paralelo, a Prolancer, uma startup que atualmente conta com mais de 100 mil talentos digitais e 10 mil empresas cadastradas, registrou no primeiro trimestre deste ano um aumento de 270% no número de trabalhos cadastrados na plataforma em comparação ao mesmo período de 2014.
"Com certeza a crise fez com que as pessoas começassem a buscar alternativas para uma nova fonte de renda. E nestes casos, a solução mais rápida e barata é recorrer ao empreendedorismo e ao trabalho freelancer. É focar nas habilidades e no tempo disponível para gerar dinheiro", afirma Sérgio M. Baiges, CEO da Prolancer.
Maria Gimena Gonzalez, de 33 anos, sabe muito bem que é preciso "agarrar" as oportunidades. Ela é de Montevidéu (Uruguai), mas mora em Londrina há 12 anos. A língua materna a ajudou a conseguir o primeiro emprego por aqui, dando aulas de espanhol. Mas com o passar do tempo, se tornou uma fonte de geração extra de renda.
Hoje, ela é executiva de vendas em uma multinacional e nas horas livres, faz trabalhos freelancers como tradutora. "Já fiz traduções de cartas, mas o mais comum é atender empresas que precisam de tradução de manuais de equipamentos e contratos", conta Maria Gimena, que considera o retorno financeiro, mas também o ganho no aprendizado.
"Eu acabo ganhando em outros aspectos porque também aprendo muito. Não é um trabalho fácil. Eu preciso pesquisar e aprimorar o vocabulário técnico, inclusive termos médicos, pois já fiz traduções na área de medicina", completa.
Fonte: Folha de Londrina, 20 de julho de 2015.