Pela definição do Aurélio, líder é aquele indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de ideias. O mais famoso dicionário da língua portuguesa dá uma noção ampla, porém simples sobre liderança. Mas o termo ganha importância quando inserido em um contexto empresarial, porque a formação de um chefe é motivo de preocupação para as organizações e para os próprios trabalhadores que desejam crescer profissionalmente. Quando a crise econômica exige cada vez mais a presença de um líder, o tema ganha espaço em universidades brasileiras, assim como em escolas de negócios. Tanto que na semana passada, o Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), de Curitiba, convidou três referências internacionais para ministrar palestras no 1º Leadership Forum ISAE. Os norte-americanos Gregg Glover, vice-diretor de Admissões na Harvard Graduate School of Education falou sobre "Educação Para Líderes No Século 21" e Jeanie Fay Snow, leadership coach do Google, comentou sobre "A Perspectiva da Prática". Já o inglês Ken Mayhew, professor emérito de Educação e Desempenho Econômico da Oxford University, abordou o tema "Recursos Humanos - A Poção Mágica".
A palavra "educação" estava presente na abordagem dos três palestrantes quando o assunto é liderança. "Muitos bons líderes tiveram uma boa educação e um bom desempenho na escola", ressaltou Mayhew, em entrevista à FOLHA. Destacando, porém, que isso não quer dizer que as pessoas que não tiveram uma boa educação não serão bons chefes.
A boa notícia é que os três especialistas acreditam que é possível, sim, aprender liderança. Glover citou como exemplo o ex-presidente dos Estados Unidos, John Kennedy. Ele costumava dizer que um bom líder tem que estudar todo o tempo porque educação e liderança caminham juntos. "Mas não a educação no sentido formal, mas a educação no sentido de compreender o que está acontecendo no mundo. O que eu preciso fazer para agir, persuadir as pessoas que eu estou liderando a me seguirem", exemplificou.
Jeanie Fay Snow complementa lembrando que é possível desenvolver habilidades de liderança com a ajuda de um profissional de coaching, que auxilia no desenvolvimento de pessoas. Ela trabalha como coach e lida diariamente com gestores. Durante a palestra, Jeanie ressaltou que um chefe deve ter autoconhecimento e saber que tipo de liderança exerce.
Mayhew concordou que essas habilidades podem ser ensinadas, mas que nem todos conseguem aprender porque é preciso ter uma bagagem educacional para compreender o que é liderança.
SÉCULO 21
Ser líder hoje é bem diferente de décadas atrás. Glover frisou que estamos vivendo em um mundo cada vez mais internacional e hoje em dia é preciso saber lidar com diversidade. "Esse é um dos maiores desafios para um líder do século 21", considerou. Jeanie Fay Snow explicou que o líder precisa ter um conjunto de competências para poder atuar em diferentes situações, sejam internacionais, presenciais ou virtuais, além de trabalhar com grupos de pessoas de diferentes idades. Ela destacou a versatilidade como uma das competências mais importantes, assim como a capacidade de persuasão. A coach lembrou que antigamente, o líder dava um comando e o subordinado o seguia. Hoje em dia, ele deve usar bons argumentos para conquistar os comandados.
Quais os sinais de um líder nato? "O líder nato gosta de pessoas. Gosta de se comunicar, de ouvir, de entender o que motiva os outros e normalmente é uma pessoa que tem uma paixão por um determinado assunto", considerou a norte-americana. Jeanie Fay Snow acredita também que o líder nato deve ter curiosidade no sentido de buscar compreender porque as coisas são como são. Ele também precisa ter motivação para desempenhar esse papel, sabendo lidar com a prática, colocar a mão na massa e ser responsável. Na opinião de Glover, uma das qualidades do chefe é ouvir as pessoas e compreendê-las, além de ser humilde o suficiente para entender que nem sempre está com a razão.
Fonte: Folha de Londrina, 17 de agosto de 2015.