Comemorada de 21 a 28 de agosto, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual ou Múltipla tem o objetivo de chamar a atenção para a importância da inclusão. No entanto, ainda é possível verificar que há muita discriminação contra os portadores de Síndrome de Down, por exemplo. A diretora da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Londrina, Daniela Von Stein, diz que o preconceito ainda faz parte da rotina. "Recentemente uma mãe de aluno nos relatou que, no Terminal Urbano, alunos de outra escola falaram para eles saírem de perto dos alunos da Apae porque eram todos loucos. A mãe revidou na hora", relatou.
Daniela explica que sempre que possível aplica testes para que alunos possam ser encaminhados para o ensino regular ou mesmo para o mercado de trabalho. "Quando há essa possibilidade, às vezes a própria família não aceita. Mas a intenção é incluir sempre. Isso a gente tenta aplicar não só na escola ou no trabalho, mas em toda a sociedade, desde a família até as atividades de lazer, colocando esses alunos em situações normais. Só praticando e agindo para que essa inclusão aconteça", explicou.
A Apae sempre indica alunos para postos de trabalho. Um destes locais é a Irmandade Santa Casa de Londrina (Iscal). Dois dos alunos pioneiros a atuar no local são Wagner Birches Barbosa, de 31 anos, e Maurício Pereira Leite, de 34 anos. Este ano ambos completaram 10 anos atuando na instituição na função de auxiliares de almoxarifado. Barbosa relata que nunca sentiu medo e também que não foi difícil aprender a atividade. "Na Apae eu fazia trabalhos de marcenaria e aqui passei a etiquetar medicamentos", revelou. Hoje ele se integrou tanto e já conhece tão bem os corredores dos hospitais que já está realizando a entrega desses materiais nas suas respectivas seções.
Leite relata que quase não saía de casa antes e que sua mãe ficou insegura quando ele começou a trabalhar. "Eu não sabia pegar ônibus, e hoje faço isso todos os dias. Tenho mais independência e isso deu mais confiança para meus pais. Sou feliz agora", comemorou.
Um dos responsáveis pelo sucesso dos alunos da Apae no ambiente de trabalho da Iscal foi o auxiliar administrativo Leandro César Briquete. "Em poucas palavras posso dizer que ensinei eles a trabalhar, mas aprendi muito com eles. As lições de vida, de superação das dificuldades que eles nos proporcionaram são muitas. O Maurício, por exemplo, que no começo andava de muletas, comprou um quadriciclo motorizado com seu próprio salário e é sempre o primeiro a chegar ao trabalho", relatou.
O gerente de suprimentos e faturamento Manuel Velasco Junior destaca que a classificação do trabalho realizado pelas pessoas com deficiência intelectual é excelente. "Eles são um verdadeiro exemplo de alegria e desenvolvem as atividades como qualquer funcionário. Muitas vezes melhor do que as outras pessoas", apontou.
Fonte: Folha de Londrina, 21 de agosto de 2015.