A volta do fantasma de desemprego, com o aumento das demissões associadas ao um cenário econômico nada promissor, trazem de volta ao mercado as vagas “Cinderela”, que parecem ótimas oportunidades para, em seguida, se transformarem em “abóboras”. O alerta é de Luciana Tegon, sócia-diretora da Tegon Consultoria, empresa especializada em processos de recrutamento, seleção e recolocação de executivos. Segundo Luciana, é justamente em momentos como este que profissionais desempregados passam a receber ligações de empresas que se dizem consultorias de recrutamento e seleção e que oferecem vagas “imperdíveis”.
O golpe começa com a ligação de uma consultoria que diz estar em busca de um profissional para uma grande empresa, exatamente com o perfil do profissional procurado. Algumas chegam até a falar em nome de grandes empresas. “Tudo para tentar despistar e deixar a pessoas procurada mais animada”, revela Luciana. Mas o fato é que, na maioria dos casos a vaga inexiste, ou quando é real, a consultoria que fez o contato não está envolvida no processo de seleção do candidato.
“E, na maioria da vezes, esse contato é feito entre três, quatro meses após este profissional ter sido desligado do último emprego que é quando, normalmente, ele já começa a ficar preocupado com a sua recolocação no mercado de trabalho”, acrescenta o executivo de Recursos Humanos Bernt Entschev, conselheiro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef). O executivo ressalta que estas ofertas são mais comuns para trabalhadores que atuam em níveis gerenciais nas organizações.
O risco está na hora que o profissional procurado demonstra interesse pela vaga. Normalmente estas empresas agendam uma entrevista. Nela revelam que para poder ter acesso à vaga será preciso pagar uma taxa para realizar uma revisão do currículo, produção de cadastro ou aplicação de teste de perfil. Normalmente os valores cobrados são altos, chegando a 40% do valor do salário que a pretensa vaga paga ao contratado. “É nessa hora que você precisa sair correndo: nenhuma empresa de recrutamento séria cobra do candidato em processos de seleção para quaisquer oportunidades”, alerta Luciana.
De acordo com a sócia-diretora da Tegon Consultoria, os profissionais desempregados não podem se deixar levar pelo desespero, pois isso potencializa os erros e as perdas financeiras justo em um momento em que a pessoa não pode se dar ao luxo de perder dinheiro. “Como em tudo na vida, os profissionais desempregados precisam avaliar a empresa que os está chamando para a vaga. Pesquisar na Internet, consultar o nome da empresa em sites como Reclame Aqui ou na busca do Google, ajuda a evitar que o candidato caia em armadilhas”, orienta Luciana.
Antes de firmar qualquer contrato com empresas recrutadoras, que o interessado leia com muita atenção o que diz. “O processo para a intermediação entre a empresa e o profissional deve estar bem claro e detalhado”. Ele ressalta que quanto mais obscuro for esse mecanismo, maior deve ser a desconfiança do profissional.
Dicas para não cair no golpe da vaga Cinderela
Leia o contrato de recolocação profissional atentamente
Evite empresas que garantam a vaga oferecida
Evite ofertas muito vagas sobre o processo de intermediação
Procure saber o nome a empresa que estaria oferecendo a vaga e ligue para o RH para confirmar
Pesquise o nome da empresa de consultoria na internet (Google, Reclame Aqui, etc)
Pergunte de cara se há custos para processo.
Fonte: Bem Paraná, 25 de agosto de 2015.