As vendas reais do setor de supermercados no Paraná tiveram queda de 0,2% de janeiro a julho em relação ao mesmo período do ano passado. No mês de julho, a queda de vendas no País foi de 1,32% e o Estado acompanhou a mesma tendência nacional, segundo o superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Valmor Rovaris.
De acordo com ele, essa redução indica que os consumidores já começaram a substituir produtos e escolher mercadorias com valor agregado menor. Ele explicou que boa parte da queda das vendas do ano também está relacionada com o setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos que tiveram redução nos negócios de 25% neste ano, principalmente, nos hipermercados. As vendas de produtos têxteis e de bazar nos supermercados também caíram na mesma proporção. Ele destacou que estes três segmentos representam cerca de 15% a 20% das vendas do setor.
"Se não fosse eletro, bazar e têxtil, as vendas dos supermercados no Estado poderiam ter crescido 1% de janeiro a julho", disse. Rovaris disse que a inflação dos produtos comercializados nos supermercados também impactou no resultado das vendas. Em julho, os preços de itens básicos nos supermercados subiram 0,82% na comparação com junho e 8,73% de janeiro a julho.
Ele lembrou que o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Paraná também trouxe reflexos negativos para o setor a partir de abril. "Tem produtos que subiram mais de 10%", disse.
Ele prevê que a expectativa de vendas seja melhor para o segundo semestre. A previsão é ter um crescimento real de 1% no setor neste ano.
A coordenadora de pesquisas da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), Priscila Takata, disse que, em momentos de crise, a primeira coisa que o consumidor corta é comer fora. Em seguida, procura alternativas de produtos mais baratos nos supermercados. Ela acredita que as vendas do setor de supermercados possam fechar o ano positivas no Estado, muito influenciadas pelo resultado de Curitiba.
A queda de vendas que chega agora ao varejo, já atingiu a indústria há alguns meses. O coordenador do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt, disse que o faturamento da indústria de alimentos vem caindo no Estado desde março. Em julho na comparação com o mesmo mês de 2014, a queda foi de 7,6% nas vendas do setor e de janeiro a julho o recuo chegou a 4,02%.
"A estrutura de consumo das pessoas se alterou significativamente com o comprometimento da renda com energia elétrica e combustíveis", afirmou. Na comparação de julho com o mesmo mês do ano passado, a energia representou um acréscimo de 72% de custos para o consumidor e os combustíveis de 53,6%. "Com isso, o consumidor tem que sacrificar itens de consumo como os alimentos", disse.
Schmitt destacou que o aumento do ICMS de 12% para 18% no Estado tirou R$ 962 milhões do bolso do paranaense, porque contribuiu para reduzir o poder de compra. O economista ainda destacou que, com este cenário, o consumidor procura consumir menos alimentos ou buscar alternativas mais baratas.
"A hora que a queda de vendas chega nos alimentos, a economia está totalmente fragilizada", declarou. Ele prevê que a indústria de alimentos no Estado feche o ano com faturamento negativo, mas um pouco menor que os 4% de queda acumulados de janeiro a julho.
Fonte: Folha de Londrina, 02 de setembro de 2015.