O Banco Central prevê um aumento de, ao menos, 9,5% para a energia elétrica para este ano no Brasil. A informação foi divulgada ontem no Relatório Trimestral de Inflação do banco. A autoridade monetária também admitiu no documento que a incerteza sobre esse custo é fonte de pressões inflacionárias "relevantes’’. De acordo com o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, essas incertezas decorrem das condições de oferta e demanda dessa commodity. No caso da Copel, o presidente da companhia, Lindolfo Zimmer, afirmou que não espera um reajuste menor que dois dígitos para este ano.
Para os consumidores do Paraná, além da previsão de aumento de 9,5% projetada pelo BC ainda deve se somar a este valor o restante do reajuste de 2013 que o governo do Estado decidiu não aplicar. No ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou um reajuste médio de 14% para a Copel. Mas, em meio a onda de protestos que tomou conta do País em junho, o governador Beto Richa decidiu aplicar 9,55%, na média. Com isso, sobrou um ‘’saldo residual’’ de reajuste de 4,27%. Isso significa que há a possibilidade de a tarifa de energia subir até 14,18% para o consumidor final no Estado, segundo cálculos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido da FOLHA.
O diretor da empresa de consultoria em energia Enercons, Ivo Pugnaloni, acredita que o aumento no Paraná pode ficar próximo dos 9,5% projetados pelo BC. Ele lembrou que o País gastou R$ 32 bilhões com o uso das termelétricas devido ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. "O reajuste deste ano vai vir bem salgado’’, disse. No entanto, ele acredita que o aporte financeiro de R$ 12 bilhões anunciado pelo governo federal para o setor de energia pode aliviar um pouco a conta para o consumidor final. Para compensar isso, o governo federal já disse que vai aumentar a tributação sobre bebidas.
O presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Lourenço, acredita que a Copel vai ter que acompanhar a política de fixação de preços adotada por todo o sistema elétrico brasileiro. Segundo ele, também vai pesar na conta a redução de 18% a 22% que o governo federal realizou nas tarifas de energia em janeiro de 2013.
O professor de Economia da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Carlos Magno Bittencourt, acredita que o setor industrial será o mais afetado pelo reajuste. Ele prevê que o aumento da Copel fique abaixo de 9,5%. "É uma decisão política e não técnica porque estamos em ano eleitoral’’, disse. Para ele, devem pesar na conta da Copel nos últimos 12 meses o custo das termelétricas, a folha de pagamento, a manutenção e construção de novas usinas e os insumos utilizados.
Variáveis
De acordo com a Copel, quatro variáveis vão influenciar na definição do aumento deste ano, como os custos operacionais da estatal já definidos em 1,5%; componentes financeiros; o diferimento de 4,27% que sobrou do reajuste do ano passado; e a parcela A, que é relativa à compra de energia no mercado livre.
A Aneel informou que, geralmente, as companhias de energia encaminham o pedido de reajuste 15 dias antes do prazo para entrar em vigor o reajuste tarifário anual. No caso da Copel, o reajuste acontece todo ano no dia 24 de junho.
Fonte: Folha de Londrina, 28 de março de 2014.