A taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas do País ficou em 5,1% em fevereiro, mostra a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada ontem. Em janeiro, a taxa foi de 4,8%. Apesar do aumento do desemprego, o índice ainda é o mais baixo para fevereiro desde o início da série, em março de 2002.
A população desocupada somou 1,2 milhão de pessoas no País em fevereiro, um aumento de 6,9% ante janeiro, o equivalente a 80 mil pessoas a mais sem emprego. Em relação a fevereiro de 2013, houve queda de 8,3%, ou 113 mil desocupados a menos. Já a população ocupada totalizou 23 milhões em fevereiro, uma queda de 0,6% em relação a janeiro, o equivalente a 137 mil vagas. Na comparação com fevereiro de 2013, houve estabilidade estatística, com 2 mil postos de trabalho ocupados a mais.
O principal responsável pelo corte de postos de trabalho foi o comércio, que extinguiu 111 mil vagas no mês passado. Uma das justificativas levantadas pelo IBGE é que o fato está relacionado com as demissões de trabalhadores temporários contratados no final de 2013. Mas, o vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Toninho Spoladdor Neto, não acredita em fenômeno sazonal. Ele diz que o comércio começou o ano enfraquecido. Pesquisa da ACP feita em Curitiba em fevereiro revelou uma redução de 1% nas vendas na comparação com janeiro. "Estamos vendo uma retração no varejo e isso reflete diretamente nos empregos", declara.
De acordo com Toninho, março também deverá registrar queda em vendas. "Conversei com empresários de vários segmentos, todos dizem que estão vendendo menos", afirma. Ele considera que o endividamento em 2013 e as incertezas em relação à economia brasileira fizeram o consumidor pisar no freio. "Passaram a comprar só os artigos de primeira necessidade", ressalta.
Há quem acredite que o aumento do desemprego pode se tornar em breve uma nova pedra no sapato da presidente Dilma Rousseff. "A média móvel dos últimos três meses dos estoques de empregados do setor privado caiu 0,3% na comparação com igual período um ano atrás", disse o economista-chefe do CGD Securities, Mauro Schneider.
Economista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Curado, não pensa que o desemprego irá aumentar a ponto de se tornar uma grave dor de cabeça. "Vamos continuar gerando vagas. O problema é que são vagas de baixa qualificação, que não acarretam crescimento econômico", diz ele justificando o desempenho ruim da economia brasileira na contramão do mercado de trabalho. Para Curado, o País seguirá crescendo pouco, mas criando vagas de baixa renda.
Segundo a PME, o rendimento médio real dos trabalhadores registrou variação positiva de 0,8% em fevereiro na comparação com janeiro e aumento de 3,1% na comparação com fevereiro de 2013.
A massa de renda real habitual dos ocupados no País somou R$ 47,1 bilhões em fevereiro, um aumento de 1,0% em relação a janeiro. Na comparação com fevereiro de 2013, a massa cresceu 4,1%.
Fonte: Folha de Londrina, 28 de marços de 2014.