A inflação em Curitiba em agosto foi a mais alta de todas as cidades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice de 0,47% foi mais do que o dobro do 0,22% registrado no País. O IPCA acumulado na capital neste ano já soma 8,83%, também o mais alto do Brasil, acima da média nacional de 7,06%. Nos últimos 12 meses, terminados em agosto, a capital paranaense acumula alta de 11,06%, a maior do País, e superior à média nacional que foi de 9,53%.
De acordo com o IBGE, o que mais pesou na inflação de Curitiba em agosto foi a alta de 3,02% nos preços dos combustíveis. O litro da gasolina ficou 2,98% mais caro e o do etanol, 3,67%. A alta de preços em Curitiba também foi influenciada pela elevação nos custos da alimentação fora do domicílio (0,90%), artigos de residência (0,81%) e educação (0,93%). No ano, itens que pesaram no bolso dos curitibanos foram alimentação no domicílio (10,71%) e energia elétrica residencial (70,63%).
No índice nacional, a queda de preços da energia elétrica e das passagens aéreas (-24,9% no mês), e a quase estabilidade dos alimentos e bebidas (-0,01%), fez a inflação desacelerar em agosto. O percentual de 0,22% do IPCA registrado no mês passado foi bem menor que o índice de 0,62% de julho deste ano. É a menor taxa de inflação deste ano e a menor taxa para meses de agosto desde 2010 (0,04%).
Para o coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, a inflação de agosto veio um pouco mais bem comportada. Para ele, isso é reflexo do consumo que está em queda e faz a inflação recuar um pouco. "A preocupação é se a inflação vai continuar recuando nos próximos meses até porque tem se mostrado bem alta e persistente nos 12 meses", disse.
Ele prevê que a inflação de Curitiba termine o ano em 10,5% e a do Brasil em 9,5%. Segundo Dezordi, tem pesado muito no IPCA de Curitiba, o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) promovido pelo governo do Estado, além das altas de combustíveis, alimentos e energia elétrica.
Segundo ele, a desaceleração que o IPCA teve em Curitiba e no País entre julho e agosto não é motivo para comemorar. "Com a recessão econômica do Brasil, a inflação deveria ser bem menor. Agora, a preocupação é com o dólar que influencia na inflação de alimentos como soja, trigo, carnes e aves", disse.
O economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Francisco José Gouveia de Castro, também concorda que a diminuição de consumo de alguns bens pode ter influenciado na queda da inflação. No entanto, ele destacou que o resultado de um mês não diz nada em relação à tendência de inflação que deve ser analisada no contexto de janeiro a agosto ou dos últimos 12 meses.
Ele disse que se espera agora que a inflação de Curitiba perca um pouco a força. "O índice de Curitiba foi um dos primeiros a aumentar e, agora tende a cair um pouco", disse.
O IPCA continua, porém, bem acima do centro da meta de inflação do governo, que é de 4,5% ao ano com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou menos. De janeiro a agosto, a inflação acumula 7,06% no País, segundo o IBGE. É a taxa mais elevada para o período desde 2003 (7,22%). Os preços administrados foram os principais responsáveis por isso, sobretudo energia elétrica.
Fonte: Folha de Londrina, 11 de setembro de 2015.