Com a proximidade do fim de ano, as contratações temporárias começam a tomar frente no planejamento de indústrias e comércio. Entretanto, este ano as expectativas quanto ao número de vagas ainda carregam muitas dúvidas.
É o efeito da instabilidade econômica, que tem elevado a taxa de desemprego no País e gerado muito receio no empresariado. No comércio, já se fala em abrir mão das contratações ou mesmo, aguardar até que haja uma necessidade concreta.
Mas por outro lado, o tradicionalismo do período, pautado pelo otimismo, é uma esperança que vai resultar em novas oportunidades de trabalho. "Por mais que todos estejam falando em crise, estamos acreditando nas vendas de Natal. Esse é o melhor momento do ano, ainda mais porque temos o 13° circulando", diz Fernanda Boechat, responsável pelo marketing da Bolivar Calçados.
A perspectiva, segundo ela, é aumentar o quadro de funcionários em 20% a partir do mês de novembro. "Em nosso segmento trabalhamos com um quadro bem enxuto e qualquer movimento a mais é motivo de contratar", conta. Atualmente a marca possui seis lojas em Londrina e conta com aproximadamente 200 colaboradores.
O diretor comercial do Móveis Brasília, Fernando Moraes, também acredita na melhora nas vendas do último trimestre, porém, afirma que o comércio de forma geral, está receoso. "Acredito que nas próximas semanas, haverá grande procura principalmente no setor de smartphones, notebooks e tablets, pois sofrerão um aumento de impostos no início de dezembro. No entanto, este ano vamos segurar as contratações de temporários", afirma.
Ele salienta que demissões não são cogitadas e que o cenário forçou, de certa forma, a qualificação daqueles que se mantiveram nos empregos. "Não acho que haverá prejuízos (nas vendas), justamente porque o quadro de funcionários está qualificado, pronto", sustenta.
Mas Moraes reconhece que o ano de 2015 tem se mostrado muito diferente dos anteriores. "A gente planeja e depois de 15 dias temos que sentar novamente e replanejar", completa.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Londrina (Sincoval), Roberto Martins, afirma que "em tempos de crise, o número de postos de trabalho acompanha o quadro de expansão ou recessão da economia", mas acrescenta que "a crise é mais percebida pela opção por produtos de menor valor e que não dependem de financiamento para sua aquisição".
"Sendo assim, os setores de perfumaria, supermercados e comércio de produtos de baixo valor agregado deverão representar as principais fontes contratantes. Provavelmente, a menor representação se dará nos seguimentos de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos", ressalta.
PREVISÃO
A estimativa do Sincoval é de que aproximadamente 2.500 postos de trabalho temporário sejam gerados com as festas de fim de ano. A Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) ainda não possui uma previsão de contratações para o fim do ano, considerando que as empresas tendem a iniciar esse processo nos meses de outubro e novembro.
Entretanto, de acordo com o cenário apresentado, a entidade acredita que o número de vagas tende a seguir o resultado das vendas. Então, se a previsão de crescimento é de aproximadamente 3%, a projeção para aumento da mão de obra extra é de 1% em relação ao ano passado, que estimou a contratação de 163 mil trabalhadores em todo o País.
A Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) também não divulgou ainda a expectativa de contratações temporárias para o fim de ano.
Porém, os números divulgados em relação ao Dia das Mães revelam uma ligeira queda comparado a 2014. Foram 500 contratações a menos, totalizando 32.500 em todo território nacional. Mas o que mais chama atenção é em relação às efetivações. Considerando datas comemorativas, dados da Fenaserhtt apontam que em 2013 foram 26.400, enquanto no ano passado, caiu para 14.650.
Já á Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) estima a geração de empregos temporários com base no cálculo de 30% sobre o total de empregos diretos. Com isso, espera-se que, em todo o País, surjam cerca de 298 mil novas oportunidades nos próximos meses e, no Paraná, pouco mais de 14 mil.
Fonte: Folha de Londrina, 14 de setembro de 2015.