O cenário econômico brasileiro tem levado uma série de empresas a cortar gastos, reduzir a produção e as vendas, demitir e até chegar à situação extrema de fechar as portas. Muitas não têm resistido aos efeitos negativos da elevação dos juros, da inflação, do dólar e da retração no consumo no mercado interno. No entanto, há empresários que estão expandindo os negócios e enxergam nesta turbulência econômica novas oportunidades.
Hoje, a FOLHA inicia uma série de reportagens sobre negócios que estão crescendo a despeito da crise e também de empreendedores que não medem esforços para colocar suas ideias e projetos em prática, sem dar lugar ao mau momento econômico.
Quem aposta em novos investimentos acredita que períodos econômicos difíceis são momentos de se reinventar, de aplicar tudo que for possível em inovação e acreditar mais do que nunca naquilo que se gosta de fazer.
Uma dessas empresas é a Esalflores, de Curitiba, floricultura com quase 20 anos no mercado, e que está investindo em vários projetos inovadores como uma flower machine, a entrega de produtos em todo o Brasil com o uso de uma caixa que possui sistema de refrigeração, além da abertura de uma nova filial. Outra é a loja de produtos árabes Al Baba, que tem duas unidades em Curitiba e abrirá mais uma na capital e duas em Londrina.
"Quando existe uma instabilidade econômica é época de se reinventar. A nossa ideia é sempre colocar produtos novos e estar presente em todos os momentos do cliente. Hoje, ele precisa de uma mudinha de tempero, mas amanhã vai casar e vai lembrar da marca. A crise é algo macro, mas tenho que fazer a minha parte diferente. Você pode se adequar à crise, mas não mudar o DNA da empresa e baixar a qualidade", disse o diretor geral da Esalflores, Bruno José Esperança.
Ele teve a ideia de instalar no Aeroporto Afonso Pena uma máquina de flores que oferece arranjos de rosas colombianas que variam de R$ 12,90 a R$ 34,90 e podem ser comprados com cartão. "Se eu chegasse com um tíquete de R$ 50 no aeroporto não iria vender", disse. O objetivo foi justamente oferecer uma opção de presente para quem chega de viagem. A máquina vende, no momento, cerca de 100 arranjos por semana. A meta agora é instalar mais 20 máquinas (cada uma custa R$ 43 mil) até o final de setembro em shoppings e lojas de conveniência de Curitiba.
A flower machine tem um sistema de telemetria que dá estatísticas em tempo real do abastecimento de flores, o que permite um gerenciamento à distância. Com isso, a reposição é feita de acordo com a demanda. O equipamento funciona de maneira similar a uma câmara fria com refrigeração e umidificação.
Outra meta do empresário é iniciar a partir de novembro a entrega de flores em todo o Brasil através de parcerias com duas companhias aéreas. As flores serão entregues em caixas com um sistema de refrigeração. A embalagem tem isopor e leva uma cápsula de refrigeração com um composto químico que permite manter as flores por seis horas. "Estamos trabalhando no projeto da caixa há um ano e meio. É muita pesquisa", disse. "A gente sonha primeiro, coloca no papel e testa, também baseado em histórico", disse Bruno.
Agora, na primeira quinzena de outubro, ele abre uma loja mais compacta na Mercadoteca em Curitiba, que ainda não teve o valor do investimento revelado. "A flor entra para alegrar o ambiente, na contramão da crise", disse. No ano passado, a empresa dele teve um crescimento de 20% no faturamento e, para este ano, é esperado um aumento de 23%. Atualmente, emprega 50 funcionários.
Em setembro do ano passado, a marca tinha anunciado a ampliação da loja de Curitiba que hoje tem 3 mil metros quadrados. "Toda primavera queremos ter uma novidade para Curitiba. A ideia é abrir uma loja em cada primavera, nem que seja compacta", contou.
Fonte: Folha de Londrina, 21 de setembro de 2015.