O Sindicato das Escolas Particulares do Norte do Paraná (Sinepe) estima em no mínimo 12% o reajuste das mensalidades escolares para 2016, na região. A pressão inflacionária, principalmente pelos custos de tarifas de energia elétrica, de água e pelos salários de professores, deve dificultar índices menores, situação que já assusta as famílias de estudantes. 

Não há um percentual definido porque cada escola pode apresentar uma planilha de custos própria, com base em projeto pedagógico, ampliações e custos, entre outros itens. O presidente do sindicato, Alderi Luiz Ferraresi, afirma que o planejamento é feito a partir de outubro até o fim de 2016, o que explicaria o índice. "Quando ocorre uma situação complicada para a economia como essa que o País vive, a direção de escola fica em pânico como qualquer empresa." 

São 150 instituições de educação particular em Londrina, que atendem cerca de 30 mil estudantes da ensino infantil ao médio, conforme afirma o Sinepe. Ferraresi considera que sempre há a possibilidade de pais negociarem os preços das mensalidades com as diretorias de cada unidade. "O que não dá para fazer em escola é promoção, como se vê no comércio e na indústria, porque não temos resposta tão rápida na receita quanto esses setores." 

Para o consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci, que também atua no ensino superior privado, existe menor margem de manobra nos gastos de instituições de ensino. "Sem fazer defesa de qualquer lado, a escola não tem como não fazer esse repasse porque 60% dos custos são com professores e o restante, com tarifas que aumentaram muito, como energia elétrica e água." 

A pressão sobre o orçamento familiar também é grande, diante da elevação do desemprego e da inflação. Rambalducci acredita que aumentou a procura por escolas públicas, assim como a inadimplência, da mesma forma que para outras despesas de consumidores comuns. "Por mais que os pais se forcem pela manutenção dos filhos na escola, aqueles que chegam a três meses de inadimplência têm potencial de evasão porque dificilmente conseguirão quitar a dívida para voltar." 

O presidente do Sinepe considera que os pais apresentam maior preocupação com a qualidade do ensino dos filhos. "A família tem de ter o bom senso de economizar em outros itens para não colocar a educação da criança em risco", diz. Em caso de inadimplência, que ele considera que não chegue a 5% do total, é preciso negociar. "No mínimo, tem de ir à escola e conversar, porque é importante que o pai não deixe de matricular o filho na instituição", completa. 

Vale lembrar que, em caso de mensalidades em atraso durante o ano, as escolas não podem impedir os alunos de frequentar as aulas. Porém, podem rejeitar a rematrícula para o ano seguinte. 

"Assustador"
A professora Perla Rodriguez afirma que não define onde o filho estudará pelo preço, mas pelo projeto pedagógico. Porém, acredita que um reajuste alto demais pode fazer com que tenha de procurar opções. "Falar em mínimo de 12% me parece assustador, porque pode ser maior. É mais do que a inflação prevista para o ano e os salários não aumentaram assim", diz a docente, que economiza ao longo de 12 meses para quitar as mensalidades com antecedência e barganhar descontos. 

Ela conta que o filho relatou que colegas de turma trocaram a escola particular por públicas neste ano, diante das dificuldades financeiras das famílias. Apesar do peso financeiro, a professora reconhece que, quando as melhorias estruturais e no projeto pedagógico são sentidas, os gastos a mais podem valer a pena. "O principal problema do País é que as pessoas não fazem o que se propõem. Quando vejo que os investimentos são feitos, como na escola do meu filho, concordo."

Fonte: Folha de Londrina, 01 de outubro de 2015.