As contratações de temporários para o final do ano devem ser menores do que em 2014 em função do quadro recessivo da economia brasileira. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) apontou que, neste final de ano, devem ser abertas 107.800 vagas, número 20% menor que as 134.800 vagas abertas no ano passado. O levantamento considera as vagas criadas no comércio e na indústria. 

No comércio, as funções mais requisitadas são atendimento, crediário, embalador, estoquista, etiquetador, fiscais de caixa e de loja, promotor de vendas, repositor e vendedor. No segmento industrial, os empregos com maior número de vagas devem ser assistente administrativo, assistente financeiro, auxiliar administrativo, auxiliar de produção, auxiliar de serviços gerais, estoquista, motorista, operador de empilhadeira, operador de máquinas, técnico em manutenção industrial e técnico em segurança do trabalho. 

Outra pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apontou que 88% dos empresários não pretendem contratar no final do ano. O levantamento tomou como base 1.168 empresas em todas as capitais e em cidades do interior. A previsão é que sejam contratados 24 mil trabalhadores. Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, no ano passado foram geradas 209 mil vagas. Ela explicou que não é possível comparar este número com o de 2015 porque a metodologia da pesquisa mudou. Em 2014, foram consideradas 623 empresas e apenas as capitais. 

O mesmo levantamento mostrou que 45% dos empresários esperam que as vendas sejam piores que no ano passado e apenas 27% dos lojistas pretendem investir para o Natal. Para Marcela, isso tudo é reflexo do ano que foi muito ruim. "Todas as datas comemorativas do ano foram piores em relação a 2014", disse. Ela acredita que os principais motivos que estão deixando o empresário pessimista para o Natal são a piora nas vendas ao longo do ano, o aumento do desemprego, a inflação que reduziu o poder de compra da população e o desempenho ruim nas principais datas comemorativas. "O lojista terá que ser criativo para vender e atrair o cliente para a loja sem gastar dinheiro", destacou. 

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Londrina (Sincoval), Roberto Martins, acredita que o número de contratações temporárias em Londrina e Região chegue a 2.500 vagas. Ele prevê um crescimento de vendas de 2% a 3% em relação ao Natal do ano passado. Mas, acredita também que a maior parte dos empresários não deve investir nas lojas para o final do ano. 

"As contratações devem ser menores neste ano porque a conjuntura econômica é pior", disse o economista do Dieese, Sandro Silva. Ele lembrou que o Brasil vive uma crise fiscal, econômica, política e a incerteza é muito grande. 

O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antônio Spolador Neto, também prevê que a maioria dos empresários não vai contratar temporários no final do ano em função da queda nas vendas. Segundo ele, a previsão de redução nas vendas para o Dia das Crianças de 14% divulgada ontem, deve se manter ainda em novembro. Segundo ele, as contratações começam em novembro e o salário médio deve variar de R$ 1.100 a R$ 1.500. "O lojista terá que ser criativo, fazer promoções e oferecer preços justos", disse. 

O diretor comercial da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Fernando Moraes, disse que os funcionários atuais do comércio estão mais produtivos, até por conta da redução das vagas no setor. Com isso, a necessidade de contratações no final do ano será menor. "Se mantivermos os funcionários e não acontecerem demissões já está bom. E, se tivermos a mesma venda do Natal do ano passado, já é um benefício", disse.

Fonte: Folha de Londrina, 02 de outubro de 2015.