Uma pesquisa nacional realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 54% dos consumidores brasileiros foram vítimas de algum tipo de fraude nos últimos 12 meses. O levantamento mapeou golpes encontrados no comércio, no setor de serviços, no sistema bancário e na internet. 

O golpe mais citado pelos consumidores pesquisados foi a propaganda enganosa, com um em cada três casos (31%), seguida pela prática de entregar um serviço diferente do que foi inicialmente contratado, com 21% dos casos. Dificuldades de acionar a garantia após a compra de um produto e problemas com combustível adulterado aparecem na sequência da lista, com 12% e 10% dos casos, respectivamente. 

Com um percentual de ocorrência inferior, aparecem as fraudes com cartão de crédito (5%) e o golpe da pirâmide financeira (5%). No entanto, os pesquisadores concluíram que muitos brasileiros, mesmo sendo vítimas de golpe, nem sequer possuem plena consciência de que foram enganados. Quando perguntados se já foram vítimas de fato, apenas 28% da amostra disseram que sim, percentual bem menor do que o obtido, quando os pesquisadores fizeram perguntas estimulando as situações de fraude (54%). O estudo foi realizado com 665 moradores das 27 capitais brasileiras. 

Um dos consumidores que foi vítima de golpe foi o servidor Thiago André Rossi. Ele percebeu uma cobrança de R$ 800 na fatura do cartão de crédito de uma operação que ele não tinha realizado. O cartão de Rossi foi usado na Irlanda para fazer compras de um espaço publicitário em uma rede social há um mês. 

Ao descobrir o problema ele entrou em contato com o banco e mandou um e-mail para o PayPal, um sistema que permite a transferência de dinheiro. Ele contou que o caso foi resolvido rapidamente e o banco restituiu o dinheiro. Rossi costuma ter antivírus atualizado, mas isso não foi suficiente para coibir a fraude. Ele desconfia que o número do cartão foi utilizado indevidamente depois de ter feito uma compra em uma loja física na Bolívia. Agora, o cartão antigo foi cancelado e o banco já está providenciando um novo. 

A advogada do Procon-PR, Cila Santos, disse que são comuns reclamações no órgão de defesa do consumidor sobre os problemas mais citados na pesquisa. ‘’Mais da metade dos brasileiros como vítimas de casos como esses é um número muito grande’’, afirmou. 

Por isso, ela recomenda que o consumidor faça pesquisa antes de comprar um produto ou contratar um serviço. No caso de compras virtuais o cuidado deve ser redobrado. Ela alerta que o consumidor precisa verificar se o site é seguro, se apresenta Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e se tem muitas reclamações nos órgãos de defesa do consumidor. Cila destacou que o cliente também deve desconfiar de preços muito abaixo do valor de mercado. 

Fonte: Folha de Londrina, 01 de abril de 2014.