O pagamento do 13º salário deve injetar R$ 173 bilhões até dezembro na economia brasileira, valor 9,9% maior que no ano passado quando o montante total pago foi de R$ 158 bilhões. O valor total deste ano representa aproximadamente 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Cerca de 84,4 milhões de brasileiros serão beneficiados com um rendimento adicional, em média, de R$ 1.924. O número de trabalhadores é 0,3% inferior ao do ano passado. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No Paraná, será pago um total de R$ 9,217 bilhões, valor 8,45% maior que no ano passado quando os trabalhadores receberam R$ 8,498 bilhões. No Estado, serão beneficiados 5,105 milhões de trabalhadores ou 0,1% a menos que em 2014. O valor deste ano representa 5,32% do total do Brasil, 34% da região Sul e 2,69% do PIB do Estado. No Paraná, a média a ser paga é de R$ 1.785,43. A pesquisa leva em conta os trabalhadores do mercado formal, inclusive os empregados domésticos, os beneficiários da Previdência Social, os aposentados e beneficiários de pensão da União, dos estados e dos municípios.
O economista do Dieese, Fabiano Camargo da Silva, disse que o aspecto negativo neste ano é que o número de trabalhadores menor que vai receber o 13º é reflexo da piora do mercado de trabalho, com a demissão acentuada de trabalhadores com carteira assinada.
No entanto, ele destacou que, mesmo em meio à crise, o 13º teve reajuste e vai beneficiar vários setores da economia, principalmente, o comércio. "É um dinheiro importante que vai entrar na economia e pode dar um fôlego para alguns setores", disse. A inflação do período medida pelo INPC foi de 8,9%. No Brasil, o reajuste do 13º superou este valor e chegou a quase 10%. No Paraná, ficou pouco abaixo e foi de 8,45%. Segundo Silva, o resultado do Estado pode ser explicado porque, possivelmente, alguns segmentos que têm renda mais elevada podem ter sofrido mais com a perda de renda e aumento do desemprego.
No Paraná, os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, representam 61,7%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS equivalem a 36,4%. O emprego doméstico com carteira assinada participa com 1,8%. Em relação aos valores, no Estado, os empregados formalizados ficam com 79,1% do total (R$ 7,3 bilhões), os beneficiários do INSS com 19,8% (R$ 18 bilhão), enquanto os aposentados e pensionistas do estado do regime próprio ficam com 1,1% (R$ 100,8 milhões).
Silva disse que a maior parte desse dinheiro deve ir para pagamento de dívidas e consumo. Segundo ele, muitos consumidores também devem pagar dívidas e limpar o nome para ter a possibilidade de fazer novas contas. Uma pesquisa realizada recentemente pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), apontou que 74% dos brasileiros vão usar esta renda extra do final do ano para acertar suas pendências, principalmente aquelas relacionadas ao cartão de crédito e ao cheque especial.
O economista recomenda que o 13º deve ser utilizado primeiro para o pagamento de dívidas com juros mais altos como cartão de crédito e cheque especial. Silva destacou que, mesmo que o consumidor renegocie as dívidas, os bancos não perdem porque os juros são muito altos.
O maior valor médio para o 13º salário deve ser pago no Distrito Federal (R$ 3.590) e o menor é encontrado nos estados do Maranhão e Piauí, ambos com média próxima a R$ 1.300. Segundo o Dieese, essas médias não incluem o pessoal aposentado pelo regime próprio dos estados e municípios, valores que não foi possível obter. A lei prevê que o 13º salário seja pago em até duas parcelas – a primeira até o dia 30 deste mês e a segunda até o dia 20 de dezembro.
A região Sudeste é a que deve concentrar a maior parte dos R$ 173 bilhões que devem ser injetados na economia (51,3%) porque possui a maior parte de trabalhadores, aposentados e pensionistas do país.
Outros 15,6% devem ficar na região Sul e 15,9% na região Nordeste. As regiões Centro-Oeste e Norte devem ficar com 8,6% e 4,9% do valor, respectivamente.
Fonte: Folha de Londrina, 12 de novembro de 2015.