Mais de 30 trabalhadores foram resgatados na última semana em duas cidades baianas, em condições análogas à escravidão.
O resgate foi realizado por auditores-fiscais do trabalho nos municípios de Entre Rios e Pojuca, durante uma ação conjunta do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o governo do estado.
Em Pojuca, 13 internos de um Centro de Recuperação de Dependentes Químicos realizavam um trabalho de construção civil em situação análoga ao trabalho escravo em uma fazenda. Eles recebiam remuneração mensal entre R$ 300 e R$ 400, sem equipamento de proteção individual (EPI), sem transporte e sem água tratada para consumo.
Já no centro de recuperação, que possui 76 internos, foi encontrada uma panela com sopa feita de cabeça de porco, que seria servida no jantar, e estava desprotegida, com muitas moscas ao redor. A estrutura do local também não estava em condições de abrigar pessoas, segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No município de Entre Rios, havia 17 trabalhadores em situação semelhante. Eles foram encontrados em uma fazenda que desenvolvia atividades de granja. Entre as irregularidades, estão alojamentos sem condições de estadia, banheiro sem descarga e panelas de comida sujas.
Segundo o MTE, os trabalhadores começavam a jornada diária às 3h da manhã e não tinham hora para terminar. Todos eram obrigados a carregar baldes de esterco de 70 quilos na cabeça e recebiam R$ 6 por tonelada de excrementos, que não eram suficientes para pagar o acordo realizado com a empresa, por isso terminavam "devendo" aos patrões.
Eles teriam que ficar confinados durante quatro meses para executar as tarefas. Após o flagrante, os trabalhadores resgatados e um encarregado da fazenda foram conduzidos à Polícia Federal, em Salvador.
Fonte: A Tarde, 24 de novembro de 2015.