Empresas da região de Araçatuba (SP) estão correndo atrás de um trabalhador específico: os que têm algum tipo de deficiência. Pela lei, as empresas precisam ter essa mão de obra, proporcional ao número de funcionários. O problema é que as vagas existem, mas os candidatos não aparecem e, se as empresas não cumprem a cota, são multadas.
Uma fábrica de calçados em Birigui (SP) tem mais de 100 funcionários e por lei ela teria que contratar pelo menos quatro pessoas com deficiência física. O problema para quem contrata é encontrar essas pessoas. “Estamos há três anos procurando a contração de funcionários com deficiência, temos cartazes na empresa, parcerias para que os postos de trabalho sejam adaptados para que possam assumir qualquer posto na empresa”, afirma a gestora de RH Maria Celina Pavon.
Nessa fase onde as empresas só mandam embora por causa da crise o salário não é de se jogar fora não. O funcionário entra ganhando R$ 1 mil, valor que pode aumentar com o tempo. Dinheiro que a gestora de RH gostaria de ver na folha de pagamento da empresa para não ter que pagar as multas. “O Ministério do Trabalho quer que seja preenchida essas vagas, mas essa busca nossa não estamos conseguindo contratar”, diz Celina.
Uma rede de supermercados está numa situação parecida. São cinco lojas na região de Araçatuba (SP), mais de 700 funcionários e quase 40 vagas para pessoas com deficiência, número de trabalhadores que eles nunca conseguiram contratar. Hoje apenas uma dessas vagas está ocupada. “Estamos fazendo trabalho forte, divulgação, parcerias com PAT e APAE e a ideia é que esse número realmente cresça”, afirma a gestora de RH Natália Rodrigues Matheus.
O diretor da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho Lucas Grandolfo explica os motivos de tanta dificuldade para colocar essas pessoas no mercado de trabalho. “Existe a questão das empresas que usam métodos criteriosos para essas pessoas alcançarem a vaga e existe também que muitos têm medo de perder o benefício da aposentadoria por invalidez, mas a orientação é o mais importante para resolver isso”, afirma o diretor.
O benefício é de quase R$ 700 e para o diretor do sindicato das indústrias do calçado, Samir Nakad, além de não querer trocar a estabilidade do benefício pelo emprego as pessoas com deficiência encontram também outros obstáculos, como o medo da família e a acessibilidade para chegar ao trabalho. Para tentar mudar essa realidade eles decidiram investir em projetos e parcerias. “Tentamos buscar os deficientes físicos e que se sentem com vontade de trabalha r e indicamos para as empresas”, afirma Samir.
Iniciativas que podem colocar mais pessoas como o empacotador Wesley Akio no mercado de trabalho. O jovem trabalha há oito anos, já foi vendedor e agora é empacotador. “Trabalhar e ganhar dinheiro porque ficar parado dentro de casa não dá dinheiro não”, diz o empacotador.
Fonte: G1, 18 de janeiro de 2016.