Dados do Cadastro Geraldo dos Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que na Região Metropolitana de Campinas (RMC) o único setor que a média salarial das mulheres é superior ao dos homens é na construção civil.  O valor para as trabalhadoras chega a R$ 1,8 mil de média, contra R$ 1,4 mil pago para eles, ou seja, 28% maior. Nos demais setores da cadeia de produção, o rendimento deles é superior, como na indústria que paga 32% a mais.

O diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, Márcio Benvenutti, disse acreditar que a mão de obra feminina na construção civil tem tido crescimento, mas o principal local de trabalho delas são nos escritórios das construtoras, ou trabalhando na fiscalização como engenheiras ou arquitetas. "A entrada de mulheres nos canteiros de obras ainda é restrito", ressalta o diretor sindical lembrando que nas construções os homens dominam devido ao esforço braçal.

Viracopos
Essa realidade é nítida em um dos maiores canteiros de obras do interior paulista. Segundo o Consórcio Construtor Viracopos (CCV), que administra as obras de ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos, existem 101 mulheres trabalhando em campo efetivamente e também em áreas correlatas. Mas no total são elas 117, incluindo a parte administrativa, segundo a assessoria de imprensa do CCV. Porém, o quadro geral de operários é de 4.638. Ou seja, 3,81% do total.

Poucas mulheres
Cássia Mattos é engenheira e proprietária de uma empresa de projetos. Ela confirma que nos canteiros de obras as mulheres ainda são minoria. "Eu vejo poucas mulheres trabalhando como operárias em obras. Quando elas estão nos canteiros (de obra) geralmente estão envolvidas na fase final, que é a etapa de limpeza para entrega aos clientes", explica ela.

No caso das engenheiras, o Conselho Regional de Engenharia e Arquiterura (Crea) exige piso de dez salários mínimos, mas nem sempre estes valores são obecidos, segundo o setor . Empresas da região contratam profissionais com até cinco anos de experiência com rendimentos girando em torno dos R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil.

A pesquisa do Caged, referente a janeiro último, aponta que na RMC a cidade que apresentou o maior vencimento para elas é Vinhedo, com o valor de R$ 4.142, praticamente o dobro de Campinas, com R$ 2.120. O menor valor regional foi em Cosmópolis, R$ 900.

Mulheres dominando na arquitetura
Na arquitetura, o perfil dos graduandos vem mudando. Arquiteta e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Puc-Campinas, Mária Amélia D´Azevedo , lembra que na época de estudante os homens reinavam nas salas de aulas, mas hoje elas são maioria esmagadora. "De duas décadas para ca isso mudou. O que tem levado mais mulheres para a Arquitetura são estas exposições de decoração e paisagismo", explica Maria Amélia.

Fonte: G1, 07 de abril de 2014.