O número de investidores com aplicações no Tesouro Direto cresceu 81% em 2015, um aumento considerado expressivo pela instituição para um programa que completa 14 anos neste mês. O incremento se deu, principalmente, entre pessoas com mais de 36 anos, cuja participação subiu de 40% para 60% do total. A assistente parlamentar Daniele Albuquerque Ferreira, 39, por exemplo, trocou a poupança pelo Tesouro em fevereiro do ano passado. Decidiu aplicar em títulos corrigidos pelo IPCA, por meio do banco do qual já é cliente. A "poupança" para o filho está no papel que vence em 2024, e o dinheiro da aposentadoria, no Tesouro IPCA+ 2035
"Eu só investia na poupança, mas muitos amigos diziam que não estava valendo a pena, que o Tesouro Direto era um investimento seguro, conservador e que rendia mais do que a inflação", diz. "Muita gente ouve falar em fazer poupança e pensa que guardar dinheiro é aplicar na caderneta. Não pensa em buscar outra aplicação." O especialista em finanças pessoais Waldir Pereira Gomes, do Cofecon (Conselho Federal de Economia), afirma que o aumento dos juros e da inflação tem levado investidores a migrar da caderneta de poupança para aplicações como o Tesouro Direto e contribuído também para mudar o perfil dos clientes desse programa. "As pessoas perceberam que o Tesouro Direto, assim com a poupança, tem risco próximo de zero, porque é garantido por títulos do governo. E as taxas de retorno são maiores", afirma Gomes. Nos últimos dois anos, o programa de venda de títulos públicos para pessoas físicas passou por mudanças para alcançar um público maior, com troca no nome dos papéis, possibilidade de resgate diário e ferramenta de aplicação programada. A redução das taxas cobradas em grandes bancos contribuiu também para que as cinco maiores instituições do país entrassem no ranking dos dez maiores agentes com participação nas vendas. No final de 2015, havia 234 mil investidores com aplicações no Tesouro Direto. O valor total investido chegou a R$ 25,6 bilhões, aumento de 67% no ano. É maior percentual desde 2008. Naquela época, no entanto, o estoque representava menos de 10% do valor de hoje. INFLAÇÃO E SELIC O balanço divulgado pelo Tesouro mostra também uma procura maior por papéis corrigidos pela taxa básica de juro (Tesouro Selic), de 13% para 20% do estoque. Contribuiu para isso o sobe e desce das taxas de juros provocado pela instabilidade no mercado financeiro. Nestes momentos, esse papel é visto como uma espécie de porto seguro.
COMO INVESTIR 1. Ter CPF e conta corrente em um banco ou corretora 2. Solicitar à instituição financeira cadastramento no Tesouro Direto 3. Você receberá uma senha provisória da BM&FBovespa para o primeiro acesso 4. A aplicação pode ser feita no site do Tesouro ou da própria instituição financeira 5. O valor mínimo de aplicação é de 0,01 título (1% do valor), respeitado o piso de R$ 30 Estoque 2014 (em %) Estoque 2015 (em %) TESOURO DIRETO CRESCE ENTRE INVESTIDOR MAIS VELHOS Tipos de papéis, em % Corrigidos pela inflação (IPCA ou IGPM) 63,1 Prefixados 24,20 12,70 Tesouro Selic Fonte: Tesouro Direto Confira mais infográficos da Folha O orientador financeiro disponível no site do programa indica esse tipo de investimento para quem quer o dinheiro disponível a qualquer momento, sem risco de perdas, mesmo que a rentabilidade seja menor que a de outros títulos do programa. Os líderes de vendas, no entanto, continuaram sendo os títulos corrigidos pela inflação (Tesouro IPCA+), que hoje oferecem ganho entre 6,1% e 7,8% acima do índice de preços ao consumidor.
Fonte: Folha S.Paulo, 25 de janeiro de 2016.