Utilizar material reciclado na construção civil pode gerar uma economia entre 30% e 40% nos gastos com alguns insumos, como brita, rachão, pó de pedra, pedrisco e saibro, em comparação a novos.
Esses produtos são usados na mistura do concreto e também em áreas de sub-base para construção de arruamentos e quadras. No entanto, o setor de reciclagem deste tipo de material, chamado de popularmente de caliça, que são as sobras de cacos de tijolos, telhas ou pedras, enfrenta sérias dificuldades na hora de reciclar. “Nós operamos com cerca de 15% da nossa capacidade por falta de material adequado”, afirma Adilson Orlando Penteado, um dos sócios da Usina de Reciclagem do Paraná (Usipar), instalada desde 2010 em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
A afirmação de Penteado se contrapõe a realidade percebida por qualquer morador ou visitante de Grande Curitiba, que hoje se tornou um grande canteiro em função de obras de mobilidade, da Copa e do aquecimento do mercado imobiliário. Com isso houve também crescimento do volume de resíduos sólidos gerados pela construção civil. “O problema não está na oferta da matéria-prima, e sim na qualidade do produto”, esclarece Penteado que também preside a Associação das Empresas Paranaenses dos Resíduos Sólidos da Construção Civil (Aemparcc).
Para haver a reciclagem do resíduo da construção civil é importante que os produtos sejam separados. Do contrário, além de inviabilizar a reciclagem o próprio trabalho de classificação inviabiliza o processo.
Penteado ressalta que em Curitiba já existe um Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Ele estabelece a obrigatoriedade para obras acima de 600 m² tenham um plano de destinação dos resíduos da construção civil, que é vinculado à emissão do habite-se (documento necessário para por um imóvel à venda).
No entanto, Penteado ressalta que o emprego e terceirizados e a falta de informação nos canteiros de obras são os maiores problemas. "Nos canteiros de obras nem sempre o material é separado adequadamente. Às vezes, na caçamba de rejeitos encontramos restos de comida de marmitex, o que faz todo o material da caçamba ser rejeitado pela indústria de reciclagem”, revela Penteado. O executivo ressalta que o custo de uma caçamba com 100% de rejeitos chega a R$ 600. Já o de uma caçamba com material separado custa entre R$ 25 e R$ 30 a caçamba.
Fonte: Bem Paraná, 07 de abril de 2014.