Por mais que a sociedade passe por transformações e as novas gerações demonstrem outras habilidades e interesses, há uma questão que persiste entre os estudantes: a escolha da profissão. 
Durante muitos anos, esse processo era destacado pelas possibilidades e imediatismo dos testes vocacionais, mas hoje isso mudou. "Trabalha-se mais o autoconhecimento através de atividades, dinâmicas e entrevistas, para que os estudantes tenham parâmetros para tomada de decisão", diz Gisele Bueno Cury, psicóloga, psicopedagoga e mestre em Educação. 
Ela trabalha há 12 anos com orientação profissional e atualmente tem uma parceria com o Colégio Maxi, auxiliando alunos do ensino médio que estão com dificuldades para definir o curso superior. 
"Esse trabalho é voltado para a escolha do próprio indivíduo, isto é, dentro de um plano maior de vida, onde está inserido o mercado profissional, mas também os desejos, prazeres", afirma. 
Isso porque, Gisele explica que os adolescentes estão mais motivados em aliar aquilo que lhe dão prazer, com os fatores externos, como as oportunidades no mercado de trabalho e a questão financeira. 
Ana Cláudia Paranzini Sampaio, psicóloga, especialista em psicoterapia infantil e orientação familiar, também faz essa avaliação e acrescenta que a ideia é partir do pressuposto de que é muito mais importante o aluno refletir a respeito daquilo que é importante para ele. 
"Dessa forma, pode tentar achar uma habilidade que já tem ou algo que goste e possa aprender, ao invés de eu apontar uma profissão específica que ele deva seguir", comenta. 
Sob este entendimento, vem a questão: que tipos de ferramentas tanto os adolescentes quanto os profissionais podem utilizar? Para Ana Cláudia, os jovens devem começar a refletir sobre isso logo no início do ensino médio. 
Ela sugere que eles busquem por informação. "O conhecimento é que vai fazer com que você tenha uma decisão mais acertada. Além disso, vale refletir sobre os fatores influenciadores na tomada de decisão, como, por exemplo, dar muita importância para a opinião do colega ou mesmo o fato de não querer errar", afirma. 
Já os profissionais podem utilizar de atividades e entrevistas, dentro do processo de orientação. De acordo com Gisele, há dinâmicas em que profissões são selecionadas com base em interesses e tópicos como ritmo de trabalho, ambiente, entre outros. 
A professora Deusa Rodrigues Favero atua no Colégio Marista, ministrando aulas de ensino religioso que contempla um projeto de orientação profissional. Segundo ela, parte das atividades incluem levar os alunos a campo, para conversar com os profissionais. 
"Não utilizamos testes, mas exercícios como a escala de maturidade, que avalia como os alunos estão em relação à maturidade de escolha, autoconfiança e conhecimento da realidade. Também promovemos as rodadas de profissões, sempre próximo aos vestibulares, onde profissionais de interesses deles vão ao colégio para um bate-papo", sustenta. 

COACHING VOCACIONAL
Uma ferramenta que vem ganhando bastante espaço é o coaching vocacional. Cláudio Peixer, partner da Sociedade Brasileira de Coaching (SBC), explica que o coahing possui uma metodologia própria, que visa em acompanhamentos periódicos, criar um ambiente favorável para que o indivíduo dê os próximos passos. 
"Meu entendimento é que, nesse momento da vida, o apoio de um profissional especialista que crie um ambiente propício para que o jovem faça boas escolhas, contribui muito, pois faz com que ele se sinta mais seguro e preparado para tomar decisões", declara. 
Além disso, essa ferramenta ajuda a pessoa a delinear o passo a passo que a levará a ter os melhores resultados. Peixer acrescenta ainda que toda e qualquer ferramenta intelectiva poderá ser utilizada dentro da metodologia, em conjunto com o trabalho de consciência a respeito das possibilidades. 
"As perguntas adequadas a cada encontro, de uma forma prevista, vão contribuir para que haja uma percepção. É claro que você pode usar outras ferramentas, como o eneagrama, avaliações, estudos aprofundados do comportamento através de testes psicológicos, entre outros", ressalta.

Fonte: Folha de Londrina, 01 de fevereiro de 2016.