A história da imigrante socorrida pelos comerciantes da Vila Nova é a mesma das centenas de haitianos e bangaleses que se estabeleceram no Norte do Paraná nos últimos anos, atraídos pela promessa de emprego e salários atrativos. Mas a jornada de trabalho e a forma com que esses estrangeiros são recrutados, especialmente em frigoríficos de Rolândia, Arapongas e Jaguapitã, suscitaram uma investigação por parte do Ministério Público do Trabalho na região, conforme a FOLHA noticiou no último mês de fevereiro. Na ocasião, o procurador do MPT, Heiler Natali, disse que há uma investigação em curso e que uma das linhas "é verificar se de fato se caracteriza como aliciamento a forma como as pessoas estão sendo contratadas ou não". "Se você olhar diretamente, não é, mas há suspeitas de que há algo que possa se caracterizar como aliciamento", apontou.
O assunto também mobiliza a Arquidiocese de Londrina. A Cáritas participa de ações sociais desenvolvidas em conjunto com outras entidades civis para promover a integração de haitianos e bengaleses à sociedade. A gerente administrativa da Cáritas, Márcia Ponce, disse que a mulher que contou com o apoio de trabalhadores da Vila Nova foi um dos haitianos atendidos pelo órgão católico. "Ela tem uma trajetória longa no Brasil, já participou da Pastoral do Migrante em Manaus, e ficou grávida quando veio para cá", detalhou. Segundo Márcia, a haitiana já conseguiu o visto de permanência no País e deve ter ido à Polícia Federal para renovar alguns documentos pessoais. A assistente social estima que haja cerca de 400 bengaleses morando ou trabalhando em Londrina, Jaguapitã e Rolândia, e que ainda não é possível quantificar o número de famílias haitianas estabelecidas na região. "É uma situação um pouco diferente, porque os haitianos estão espalhados e em várias frentes de trabalho", apontou. A situação dos migrantes da região e de todo o País será debatida na Primeira Conferência Nacional para Migrantes e Refugiados, que será realizada no final de maio e início de junho em São Paulo. Segundo Márcia Ponce, dois haitianos serão delegados da comitiva londrinense no evento.(D.P.)
Fonte: Folha de Londrina, 08 de abril de 2014.