Já pensou receber uma mensagem via Whatsapp do chefe informando sobre a sua demissão? A estudante de design de Campinas (SP) Maiara Marinho conta que passou por essa situação quando trabalhava em um jornal. Sem mais explicações, foi desligada da empresa. A prática de demitir um funcionário sem o cuidado necessário é condenada por consultores e pode acabar em uma ação na Justiça por danos morais.
"Ela [chefe] me mandou a mensagem pelo Whatsapp me demitindo. (...) Ela poderia ter explicado. Eu ia entender que o jornal precisava de alguém para ficar o dia inteiro", lembra. Na época, Maiara estudava na parte da manhã e trabalhava à tarde na empresa. [Veja a entrevista no vídeo acima]
Para o consultor empresarial Yuri Trafane, a demissão deve ser feita em um local apropriado. "Faça isso pessoalmente, uma conversa serena, tranquila, objetiva. Mas, nunca por telefone, email, Whatsapp. Nenhum outro instrumento, nenhuma outra ferramenta é válida", explica o especialista.
O que evitar?
Aproveitar o momento da demissão para fazer críticas ao funcionário, acumuladas em anos de relacionamento profissional, também é uma atitude condenável, segundo Trafane.
"Ela [pessoa empregada] tem que ter recebido sinalizações ao longo do tempo de que ela não está cumprindo os objetivos da empresa, que não está atendendo às expectativas. Você sabe que fez um processo [de demissão] bem feito quando você demite a pessoa e ela diz assim: Eu já sabia. Ou seja, ela já tomou consciência ou já tinha tomado consciência de que ela não estava no caminho", completa.
O consultor sindical Renato Bertani conta que recebe casos de queixas de profissionais demitidos em situações constrangedoras, e que alguns vão parar na Justiça. Expor o colaborador diante da equipe no momento da demissão, por exemplo, é um risco que a empresa corre.
"Ele [profissional] foi demitido por uma razão específica e o empregador fez uma reunião com todos os trabalhadores do setor, em que esse trabalhador exercia a sua função, e expôs a situação dele. Por que ele foi demitido, as razões pelas quais, inclusive criticando", lembra Bertani.
Fonte: G1, 16 de fevereiro de 2016.