Desde as décadas de 1960 e 1970, com a revolução feminina e as mudanças culturais, as mulheres vêm, aos poucos, ganhando mais espaço no mercado de trabalho. Em Franca, o avanço feminino teve seu ritmo acelerado nos últimos anos. De 2004 a 2014, o número de mulheres trabalhando com carteira assinada na cidade subiu mais de 50%. Passou de 27.313 para 41.288 trabalhadoras. Hoje elas já representam quase metade do total de trabalhadores formais de Franca. E a tendência é de que continuem crescendo.
Para se ter ideia da velocidade do avanço feminino, no mesmo período, o número de homens no mercado cresceu bem menos, cerca de 20%. Saiu de 40.249 em 2004 para 48.506 uma década depois.
Os dados fazem parte de um levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego, feito com base na Rais (Relação Anual de Informações Sociais), um relatório com dados sobre empregados que toda empresa é obrigada a preencher ano a ano.
Para ex-vereadora Maria Ignês Archetti, uma das precursoras da luta feminina em Franca e ex-presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina, o avanço feminino é reflexo de uma mudança cultural. “Hoje as mulheres não são educadas nos mesmos moldes de antigamente. No passado, elas eram educadas para serem esposas e mães. Atualmente, a educação feminina está muito mais voltada ao mercado de trabalho, ao sucesso profissional.”
Outro fator que, segundo Archetti, pode ter influenciado é a necessidade de a mulher ter uma renda. “Hoje o número de lares que têm como responsável uma mulher é muito maior que no passado. A mulher teve que se virar para conseguir recurso para educar os filhos, principalmente, quando não conta com um companheiro presente.”
Apesar do aumento no número de mulheres no mercado de trabalho, a renumeração feminina não alcançou a mesma evolução. Segundo os dados da Rais, a diferença entre o salário médio pago aos homens e o pago às mulheres é considerável, chegando à casa dos 17%. Na cidade, o salário médio masculino é de R$ 1.924,98 e o feminino R$ 1.647,65. São R$ 277,33 a menos. “Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade cujo modelo é patriarcal, em que o homem tem mais destaque e importância”, disse Maria Ignês.
Para ela, essa é uma realidade que aos poucos também vem sofrendo mudanças. “As mulheres estão mostrando que são tão ou mais capazes que os homens, que estão preparadas para enfrentar o mercado de trabalho. Para mim, a tendência é que essa diferença desapareça nos próximos anos.”
Fonte: GCN, 08 de março de 2016.