Os alimentos básicos da cesta de consumo das famílias estão entre os itens que mais pesaram na inflação de março. Somadas, as altas de tomate, batata, leite, carnes, feijão, frutas e hortaliças representaram um terço da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês passado, que foi de 0,92%. Os números foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O maior impacto foi do tomate, que contribuiu com 0,08 ponto porcentual do índice. Na Central de Abastecimento (Ceasa) de Londrina, uma caixa de 21 quilos de tomate, que no início do ano custava R$ 25, chegou a R$ 92 em 5 de março, ou seja, aumentou 268%. Ontem, já havia caído para R$ 55.
A batata foi o segundo item que mais pressionou o IPCA de março. Sozinha, contribuiu com 0,07 ponto porcentual. Na Ceasa de Londrina, o saco de 50 quilos da batata passou praticamente todo o mês passado a R$ 60. Mas, não última semana de março, disparou, chegando a R$ 100. E, ontem, o produto estava ainda mais caro ainda: R$ 130.
As hortaliças foram outras vilãs da inflação de março. A caixa com 18 unidades de alface custava apenas R$ 10 na Ceasa de Londrina no início do ano. Seu preço aumentou cinco vezes até dia 19 de março, quando estava a R$ 50. Na última semana do mês, já havia baixado para R$ 38 e, ontem, chegou a R$ 36.
Apesar de o preço da batata ainda não ter dado sinal de queda, o diretor técnico da Ceasa do Paraná, Abdel Nasser, acredita que nenhum dos hortifrúti que pressionaram os preços em março continuarão a fazê-lo em abril. "Em relação ao tomate, estamos entrando numa safra agora. Os preços já caíram. E quanto à batata não será diferente", afirma. Ele ressalta que as condições climáticas melhoraram favorecendo todo o setor.
Se, por um lado, os hortifrúti tendem a pressionar menos os preços, o milho e os produtos lácteos começam a preocupar. "Por enquanto, a disponibilidade interna de milho tem aumentado. Mas a perspectiva de uma segunda safra menor e da redução da produção nos Estados Unidos devem elevar os preços no segundo semestre", afirma Rafael Ribeiro de Lima Filho, zootecnista e consultor da Scot Consultoria.
Os produtos lácteos, que já estão em alta, devem ter forte impacto no IPCA em setembro e outubro, de acordo com o consultor. Já a soja, caso não haja nenhum problema climático nos Estados Unidos, não deve pressionar os preços internos neste ano.
Recorde
O IPCA de 0,92% de março é o maior do ano. Em fevereiro, havia sido de 0,69% e, em janeiro, de 0,55%. A variação foi a maior para o mês de março desde 2003 (1,23%), quando o País vivia os reflexos de um choque cambial.
Por causa da elevação dos preços nos últimos meses, o indicador acumulado em 12 meses se aproximou mais do teto da meta anual do governo, que é de 6,5%, e fechou março em 6,15%. O índice de 12 meses é o mais alto desde julho de 2013 (6,27%). O IPCA encerrou o ano passado com alta de 5,92%.
Fonte: Folha de Londrina, 10 de abril de 2014.