Uma pesquisa mostra que a maioria dos empregados no Brasil quer liberdade para negociar o horário de entrada e de saída, o local de trabalho e a divisão das férias. O brasileiro quer é ter flexibilidade na rotina de trabalho. Uma parte já conseguiu escolher o local ou o horário de trabalho.

Ter um emprego com horário mais flexível e sem a obrigação de estar na empresa é o desejo de muitos brasileiros. E já começa a aparecer como uma tendência no mercado de trabalho.
É o que mostra uma pesquisa feita pelo Ibope, encomendada pela CNI: 42% dos brasileiros que trabalham com carteira assinada disseram que já têm flexibilidade para escolher o local de trabalho. Pode ser em casa ou em algum outro lugar fora da empresa. E 38% já têm alguma flexibilidade para escolher horários.

Para o professor de economia Ricardo Rocha, que também trabalha em casa alguns dias da semana, essa é uma tendência da nova distribuição do trabalho e da população, cada vez mais concentrada nas grandes cidades e sofrendo para ir e voltar do trabalho.

“A tendência do trabalho remoto não volta, isso é algo que só vai se ampliar, dependendo das atividades, e veja que paras empresas também é bom. Tem uma redução do custo da estrutura das empresas, então tem que encontrar uma equação”, diz Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.

Se você se surpreendeu com esse número de brasileiros que já pode trabalhar mais à vontade, até em casa, e que ainda pode escolher o horário para fazer isso, saiba que, para Confederação Nacional da Indústria, esses números poderiam ser bem maiores. De acordo com a pesquisa, mais de 70% dos entrevistados responderam que queriam ter esse tipo de flexibilidade.

“Esse desejo acaba revelando a necessidade de que as relações do trabalho sejam modernizadas, e que a negociação coletiva seja valorizada. Hoje nós temos uma legislação trabalhista tamanho único para um Brasil enorme, com necessidades e interesses diferentes”, explica Sylvia Lorena, gerente executiva de Relações de trabalho da CNI.

Mas mexer na Legislação Trabalhista é uma polêmica danada. Para o economista José Silvestre, do Dieese, a lei realmente está antiga e pode sofrer algumas modernizações. Mas só para acrescentar direitos, não para diminuí-los.

A pesquisa mostrou também que o brasileiro quer ter mais opções na sua rotina; 58% querem reduzir o intervalo de almoço. Assim conseguiriam sair mais cedo para fugir do horário de pico do trânsito; 63% gostariam de trabalhar mais horas por dia para poder tirar folgas depois; outro desejo é dividir os 30 dias anuais de férias em mais de dois períodos.

Para essa pesquisa da CNI, o Ibope entrevistou 2 mil e duas pessoas, em 140 municípios, entre os dias 18 e 21 de setembro do ano passado.

Fonte: G1, 28 de março de 2016.