O número de mortes por H1N1 no Brasil já é maior que o registrado durante todo o ano de 2015. De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 1º de janeiro a 19 de março deste ano, 46 pessoas infectadas pelo vírus morreram após desenvolver a chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 38 delas no Estado de São Paulo. Os demais óbitos foram registrados na Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. Neste período, 305 casos foram confirmados em todo o País. Durante todo o ano de 2015, dos 141 casos registrados, 36 resultaram na morte dos pacientes. 
No Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) registrou dois casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave causados por H1N1. As confirmações ocorreram nas cidades de Cianorte e Maringá. Segundo a chefe do Centro Estadual de Epidemiologia da Sesa, Julia Cordellini, os dois pacientes precisaram ser hospitalizados. "Se você considerar a mesma época, nós não tivemos nenhum caso entre janeiro e março do ano passado. Isso não é considerado preocupante, mas também não quer dizer que estamos tranquilos e descansados. Estamos em alerta", afirmou. Além dos dois casos graves confirmados neste ano, outras sete contaminações por H1N1 ocasionaram a chamada Síndrome Gripal (SG), com sintomas mais leves. Em todo o ano passado, 26 mortes por gripe foram registradas no Paraná, incluindo as causadas pelo H1N1 e por outros tipos de vírus. 
Mesmo com o aumento no número casos em todo o Brasil, a campanha nacional de vacinação contra a gripe só deve começar no dia 30 de abril. Até esta data, o Paraná espera receber, pelo menos, 3 milhões de doses, o que corresponde a metade da quantidade de vacinas previstas para o Estado. A chefe do Centro Estadual de Epidemiologia destacou que o governo estadual solicitou a antecipação da campanha, mas não foi atendido. "Vamos aguardar. Todas as nossas regionais possuem Tamiflu (medicamento utilizado no tratamento contra o H1N1). No dia 12 de abril vamos realizar um seminário gratuito aos profissionais da saúde e à comunidade em geral para orientar a população sobre a campanha, os sintomas, o tratamento e a prevenção. É importante que as pessoas não esperem os últimos dias da campanha para tomar a vacina", alertou. 
Segundo o Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo foi autorizado a utilizar os lotes da vacina de 2015. No entanto, conforme a assessoria, não seria possível antecipar a campanha de 2016 já que as doses são entregues pelo laboratório nos meses que antecedem o inverno. Devem ser imunizadas crianças de 6 meses a 5 anos incompletos, gestantes, puérperas, indígenas, idosos a partir dos 60 anos, pacientes com doenças crônicas, profissionais da saúde e detentos. 
Em clínicas particulares, as doses já estão disponíveis. 
Em Londrina, as irmãs Ana Clara Torres, de 16 anos, e Maria Tereza Torres, de 19, que não seriam contempladas na campanha promovida pelo Ministério da Saúde, já procuraram pela vacina contra a gripe. "Todos os anos, a gente toma a vacina. A gente soube de um caso em Maringá e veio para a clínica. O melhor é imunizar o quanto antes", disse Ana Clara. 
Para o infectologista e imunologista José Luís Baldy, a campanha nacional deveria ser antecipada. "O ideal seria iniciar a vacinação no final de fevereiro ou início de março. Vacinar não é imunizar. Quem recebe a vacina hoje, só fica imunizado de 10 a 15 dias depois da aplicação", explicou. Baldy explica que, em razão das constantes mutações do vírus da gripe, a vacina precisa ser atualizada com sorotipos isolados no último semestre do ano anterior. Nas clínicas de Londrina, a reportagem encontrou doses com preços que variam entre R$ 70 e R$ 90. 
O infectologista e gestor de Promoção e Saúde da Unimed Londrina, Wilson Liuti Costa Junior, avaliou que a antecipação da aplicação das doses precisa ser analisada caso a caso, dependendo da situação dos municípios e Estados. "O principal agora é manter os cuidados básicos", ressaltou. Entre eles, lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou fazer o uso de álcool gel, evitar tocar nos olhos, nariz e boca e evitar aglomerações. 
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que vai iniciar o envio das doses da vacina aos Estados no dia 1º de abril.

Fonte: Folha de Londrina, 29 de março de 2016.