Quem fuma pode ter mais dificuldade de ser contratado e pode ganhar menos que quem não fuma, aponta um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, publicado nesta segunda-feira (11).
 Para tentar estabelecer a relação entre fumar e não conseguir emprego, Judith Prochaska, professora adjunta de Stanford, e sua equipe acompanharam 251 desempregados da região de San Francisco, na Califórnia, sendo cerca de metade deles fumantes. Foram feitas avaliações seis e 12 meses após o início do estudo, para verificar como estava a busca por emprego. "Descobrimos que fumantes têm muito mais dificuldade de encontrar trabalho que os não fumantes", afirma Prochaska. Depois de um ano, 56% dos que não fumam estavam empregados. Entre os fumantes, eram apenas 27%. E entre os que haviam conseguido trabalho, os dependentes da nicotina ganhavam em média US$ 5 a menos por hora que os outros. "Os danos do cigarro à saúde foram estabelecidos há décadas, e nosso estudo fornece uma visão sobre os danos financeiros de fumar, tanto em termos de menor sucesso na busca de emprego quanto de salários mais baixos", ressalta Prochaska. A pesquisadora e sua equipe já haviam verificado em um estudo anterior que a probabilidade de desempregados na Califórnia serem fumantes era muito maior que a das pessoas empregadas. No entanto, não se sabia "se fumantes têm mais dificuldade para encontrar trabalho ou mais chance de perder o emprego; ou se, quando não fumantes perdem o emprego, eles ficam mais estressados e começam a fumar", pondera a pesquisadora. Os participantes do novo estudo incluíram brancos, afro­americanos, hispânicos, asiáticos e outras etnias, além de diferentes níveis de escolaridade. A pesquisa pode ter limitações por ter sido realizada no norte da Califórnia, onde a consciência sobre a saúde é grande. Outro problema é que os fumantes analisados tendiam a ser mais jovens, com menor nível de escolaridade e em piores condições de saúde. Os pesquisadores pedem que as agências de emprego usem os dados para conscientizar sobre os custos relacionados ao cigarro, perdas salariais, danos à saúde e menor sucesso na busca de emprego, além de ajudar os fumantes a abandonar o vício.

Fonte: Folha de S.Paulo, 13 de abril de 2016.