Fonte: Folha de Londrina, 14 de abril de 2014.
Com a Copa do Mundo chegando, o Brasil se prepara para receber cerca de 500 mil turistas de diversas nacionalidades, facilitando a importação de vírus que podem se disseminar e causar surtos e epidemias. As diferentes cepas de vírus da gripe que devem começar a circular no País a partir de junho estão entre as principais preocupações do Ministério da Saúde. Ambientes aglomerados como estádios de futebol, festas e voos comerciais podem ser locais de alta contaminação pelo vírus influenza.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os anos o vírus influenza atinge entre 5% e 10% da população - entre 250 mil e 500 mil pessoas morrem no mundo por conta da gripe. No ano passado, até o mês de novembro, o Ministério da Saúde contabilizou a hospitalização de 4.396 crianças em decorrência da doença. Para proteger a população, no próximo dia 22 começa a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe, com objetivo de vacinar 49,6 milhões de pessoas que fazem parte dos grupos de risco (leia mais nesta página).
Os especialistas orientam que a camada da população não incluída nos grupos atendidos pelo Sistema Único de Saúde deve buscar imunização em clínicas particulares, desde que tenha condições financeiras para isso. "A influenza é altamente contagiosa e atinge pessoas de todas as faixas etárias. A forma mais efetiva de prevenir a gripe é com a vacinação", lembra a médica infectologista Rosana Richtmann.
O vírus influenza sofre mutações com frequência e, para acompanhar este processo e oferecer uma imunização mais efetiva à população, a vacina da gripe é reformulada anualmente. A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Ballalai, explica que a composição das vacinas que serão distribuídas nos países do Hemisfério Sul depende dos vírus que circularam no Hemisfério Norte em um período anterior.
Para identificar quais são os vírus em maior quantidade, pesquisas são realizadas por centros de vigilância sentinela para doenças respiratórias, com o acompanhamento da OMS. Pela primeira vez, neste ano as vacinas distribuídas nos Estados Unidos continham quatro cepas da influenza. No entanto, a vacina que será utilizada no Brasil é trivalente, o que significa que ela tem condições de imunizar contra os três tipos mais comuns de vírus. A vacina quadrivalente deve chegar ao Brasil a partir do ano que vem.
Apesar da eficácia comprovada e da recomendação da OMS, muitas pessoas ainda desconfiam da imunização. "A vacina não causa a infecção porque é produzida com vírus mortos. A maior parte das reações são localizadas e desaparecem no máximo em 48 horas", explica a diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur Brasil, Lucia Bricks. A vacina demora 14 dias para proteger o organismo e a diretora acrescenta que algumas pessoas apresentam gripe após a vacinação porque já estavam com o vírus incubado antes de receberem a dose.
As manifestações clínicas da gripe incluem febre, inflamação na garganta, tosse, nariz escorrendo ou entupido, dores musculares e de cabeça e cansaço. Também podem aparecer vômito e diarreia. Após a infecção, os adultos transmitem o vírus através de tosse ou espirros por até sete dias - entre as crianças, a excreção do vírus pode durar até 14 dias, conforme Rosana Richtmann. Os especialistas afirmam que quanto mais pessoas vacinadas, mais as taxas da doença diminuem.
A repórter viajou a convite da Sanofir Pasteurs