O mundo passa por um volume enorme de mudanças tecnológicas. Com isso, a atualização profissional está cada vez mais desafiante, pois o número de informações disponíveis é enorme. Por conta deste cenário, pesquisas já indicam que 80% da população adulta têm altos índices de estresse. Os mesmos levantamentos mostram que os 20 % restantes devem passar por situações estressantes no trabalho nos próximos anos.

Segundo especialistas do Instituto de Psicologia e Controle do Stress, de Campinas (SP), a realidade do mundo atual com o avanço vertiginoso das tecnologias relaciona-se, diretamente, ao crescimento das doenças ocupacionais causadas pelo estresse.

As mudanças nas rotinas de trabalho, associadas aos avanços tecnológicos, são objeto de estudos de vários grupos de psicólogos distribuídos pelo mundo. A ideia central dos pesquisadores é buscar conhecer as consequências causadas pelo excesso de estímulo tecnológico nas vidas das pessoas, submetidas a exigências de estarem sempre alertas e despendendo elevada energia em suas atividades cotidianas.

Conforme destacam esses especialistas, as pessoas vivem atualmente em ritmo de intensidade incompatível com o bem-estar necessário, o que acaba contribuindo para o aparecimento de doenças em consequência de estresse.

É certo que pelo fato dos trabalhadores atuarem em estado de alerta, a adrenalina aumenta ajudando na produtividade e na criatividade, mas se essa condição for mantida por muito tempo, a pessoa pode se tornar vítima de tensão demasiada que é prejudicial à saúde.

Acredita-se que, muitas vezes, isso ocorra devido ao estado de esgotamento do trabalhador que ultrapassou os limites individuais de sua capacidade de adaptação às tendências tecnológicas atuais.

Assim, com a redução da energia mental, surge o estresse e, em consequência, outras doenças ocupacionais, diminuindo a produtividade e causando indisposição para o trabalho.

10 sugestões para aumentar a flexibilidade

1. “Meu nome é trabalho?” Um ditado popular em empresas sugere nunca colocar todos os ovos numa cesta só, se ela cair o desastre é total. Mas poucos gostam de se lembrar que quem coloca toda sua identidade no seu ganha pão estará cometendo o mesmo pecado. O correto é tentar desenvolver outras aptidões não relacionadas a trabalho, aprender coisas pelo simples prazer de aprender.

2. Tudo deve estar sob controle? É uma verdade dura, mas a maior parte de nossas vidas está fora de controle. O que podesse tentar é aumentar o grau de influência. Mas é importante não confundir controle com influência. As pessoas podem influenciar o curso da vida, mas nunca controlar esse tal de destino.

3. A autoestima está baseada em resultados ou no esforço? Empresas querem resultados empresariais. O trabalhador também deve querer resultados pessoais. Por isso, é importante manter a autoestima baseada apenas naquilo que o trabalhador tenha realmente controle, que é o esforço pessoal, e não nos resultados fora de controle, que é a produção final. Embora o chefe cobre resultados, é importante lembrar que o problema não está em enfrentar os desafios da produção. O problema está em formar a opinião pessoal sobre si mesmo, baseado nas metas que outros determinaram.

4. O melhor amigo quem é? Há pessoas que, quando cometem um engano conversam consigo mesmas e tentam aprender alguma coisa de útil com os próprios deslizes. Mas há também aquelas “vítimas” que em situações de erro reagem contra si mesmas como não agiriam nem mesmo com um inimigo. Quem age assim, de modo rude consigo mesmo, pode até conseguir um ou outro resultado no calor da ira, mas estará fadado a solapar seu amor próprio. Paradoxalmente, corre o grande risco de passar a evitar desafios só para não ter que enfrentar a própria ira.

5. O perfeccionismo está sob controle? Quem coloca a maioria das metas tão absurdamente altas para si mesmo torna os fracassos inevitáveis. Padrões de exigência irreais são, por definição, impossíveis de se alcançar. O fracasso se torna uma profecia autorrealizável.

6. Humor. A grande vantagem do humor é que permite uma separação entre a pessoa e os fatos. Por isso, é importante encarar o trabalho com seriedade, mas enxergar com um pouco de leveza torna os desafios de mais fácil solução.

7. A competitividade está sob controle? É importante diferenciar a discordância de ideias de ataques à pessoa. É imprescindível às pessoas flexíveis não enxergar um desafio pessoal em cada contratempo. Para o equilíbrio pessoal, o grande prêmio na verdade é a paz de espírito.

8. Saber ouvir. Quando alguém fala, é importante experimentar mandar o cérebro ficar quieto, parar de montar respostas e contestações brilhantes. Isso é importante para se obter um novo nível de aprendizado e compreensão. É impossível para alguém descobrir se um prato de comida é de boa qualidade ou não com a barriga cheia. Esvazie os preconceitos que muita coisa poderá aparecer.

9. E a criatividade? No geral as pessoas são treinadas para resolver problemas complexos, mas com um número limitado de possibilidades. O resultado é que quando enfrentam situações inusitadas, tendem a trabalhar cada vez mais duro. Algumas pessoas ficam de tal modo obcecadas com a dificuldade que não se permitem outros modos de olhar o problema. Como resultado obtém um “endurecimento” da situação, que só torna o problema pior. A melhor alternativa é aprender a “deixar ir”, a desligar-se por meio de exercícios de relaxamento ou meditação permitindo que outras áreas cerebrais possam agir.

10. Esta sugestão não existe. É necessário aprender a ser flexível. Por isso, é importante aprender a tolerar frustrações, pois elas sempre vão acontecer.

Fonte: Bem Paraná, 07 de junho de 2016.